Há indícios claros do pagamento de “luvas” nos negócios da Portugal Telecom, nomeadamente envolvendo as brasileiras Vivo e Oi, considera a investigação do Ministério Público em torno do caso que envolve José Sócrates.
CASO JOSÉ SÓCRATES
Segundo o CM, que teve acesso a extractos da investigação, o Ministério Público defende que “a prova revela que os fundos acumulados na Suíça tiveram origem em diferentes agentes económicos”.
Nestes estarão incluídos, além do ex-Grupo GES, também o Grupo Lena e as empresas do empreendimento Vale do Lobo, cujos principais accionistas foram administradores da ESCOM.
Os referidos agentes económicos terão sido beneficiários denegócios que envolveram a Portugal Telecom, de contratos imobiliários, de obras públicas, de concessões rodoviárias e de financiamentos pela CGD”.
O MP acrescenta, segundo o CM, que “todos estes negóciostiveram o suporte em decisões governamentais, no tempo de governos presididos pelo arguido José Sócrates”.
O CM transcreve também um acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa, no âmbito de um recurso da defesa do vice-presidente do Grupo Lena, Joaquim Barroca, também arguido na Operação Marquês.
O acórdão refere “a montagem de sucessivas operações de branqueamento, através da autorização da passagem pelas suas contas e da justificação como prémios de sucesso de fundos com origem, quer ao nível do Grupo Espírito Santo, quer ao nível de Vale do Lobo”.
Estas operações terão sido “favorecidos por decisões políticas, como seja no caso da intervenção da CGD como accionista da PT e como investidor no Grupo do Algarve”.
Segundo revela também o jornal Expresso, na sua edição deste sábado, o Ministério Público suspeita que há 17 milhões de euros do “saco azul” do BES, envolvido nos “Panama Papers“, que estarão ligados a Sócrates através de alegados “contratos forjados” em negócios da PT.
“Não são suspeitas, são insultos”, alega Sócrates
A defesa de Sócrates reagiu entretanto, a estas novas alegações do MP, que levaram à realização debuscas na casa de Zeinal Bava e de Henrique Granadeiro, ex-gestores da PT.
Num comunicado citado pelo Jornal de Notícias, os advogados José Araújo e Pedro Delille notam que depois da “lenda do Grupo Lena e da lamentável invenção de Vale de Lobo“, aparece agora a PT.
“Há muito que se percebeu a táctica do Ministério Público – novas suspeitas para justificarem novos adiamentos”, considera a defesa de Sócrates
Os advogados notam que tantos as anteriores alegações, como as actuais, apresentam “ausência de factos concretos, susceptíveis de contradição e de prova” e um “registo especulativo”.
Segundo a defesa do ex-primeiro-ministro, “o MP nunca confrontou, como era seu dever legal, o engenheiro José Sócrates com as ditas suspeitas e com factos que lhes dessem substância – limitou-se a atirá-las para o espaço público através dos jornais”.
“Não são suspeitas, são insultos, não é um processo, é uma perseguição“, concluem os advogados do ex-primeiro-ministro.
ZAP
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