Carlos A. M. Lauano, opinião
O vídeo que mostra um policial dando uma
bofetada no jornalista Jeronimo da Silva para que este deixe de registrar a
realização de uma blitz ( check point ) mancha a imagem da Policia Nacional do
Timor Leste diante do país e do mundo.
Uma cobertura jornalística ser
hostilizada por contemplar uma ação policial já é algo, no mínimo, estranho,
pois se funcionários públicos estão agindo dentro da lei e da ordem é natural
que não temam quaisquer formas de observação e captação de imagens. E a
filmagem evidencia haver algo mais que estranho, pois nela aquele mau
funcionário (pago com nossos impostos, inclusive) mostrou que a lei e a ordem
nem sempre permeiam a conduta dos membros daquela instituição que por elas
deveriam se orientar sempre, para não correr o risco de deseducar nossos
jovens.
O fato de o agressor não ter hesitado,
mesmo diante da condição social e intelectual do agredido e da possibilidade de
seu ato estar sendo registrado, deixa-nos a imaginar quantas vezes o
autoritarismo em questão se repete no cotidiano
timorense, vitimando, principalmente, pessoas mais humildes e menos
esclarecidas que silenciam não por concordarem ou se acostumarem ao abuso de
autoridade, mas por receio de que uma possível denúncia venha a ser ignorada
ou, ainda, se tornar motivo de retaliação.
Seria ignorada uma tentativa de
moralizar tal corporação, que tem a obrigação de dar bons exemplos à sociedade?
Ora, parte dessa corporação, ao invés de se sentir envergonhada com a atitude à
margem da civilização, tentou acobertar o erro negando a ocorrência denunciada
pelo jornalista. Sorte que tudo foi filmado, senão a vítima passaria a acusada
e o acusado passaria a vítima, numa completa inversão de papéis e valores.
E por que não esperar uma retaliação, se
o bom cidadão, no exercício do seu trabalho honesto, recebe um tapa na cara?
Por parte de um servidor público que deveria apreciar e proteger o bom cidadão,
o trabalhador honesto. Que país é esse?
O que devem estar se perguntado os
internautas de diversos países do mundo ao verem o referido vídeo? Perguntarão:
Timor admite policiais que não estudaram o suficiente para o cargo que ocupam?
Ficam apenas no papel as normas estatutárias e regimentais que regulam a
conduta dos militares? A corporação orienta equivocadamente seus membros?
É imprescindível uma ação rápida,
enérgica e exemplar sobre o ocorrido, antes que a mão que bate no cidadão de
bem ouse cumprimentar o bandido.*
Publicada por TIMOR AGORA
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