A
falta de tempo e a pouca participação dos doentes nos seus processos clínicos
são as principais dificuldades na relação entre os utentes e os profissionais
de saúde identificadas num livro sobre comunicação clínica.
"Comunicação
clínica e relação de ajuda", publicado pela editora Lidel, é uma obra de
Carlos Sequeira, coordenador da Escola Superior de Enfermagem do Porto, para
quem é importante preservar "o lado humano da relação (profissional de
saúde-utente)".
Isso
nem sempre é fácil e, em declarações à agência Lusa, Carlos Sequeira referiu
que a falta de tempo e a pouca participação dos doentes na discussão dos seus
processos clínicos são os principais obstáculos a esta comunicação.
"É
preciso sensibilizar os profissionais para a importância da comunicação",
disse o docente, reconhecendo que "o tempo não chega para tudo".
"Quando
um médico tem cinco minutos para uma consulta, só um diagnóstico adequado leva
mais que isso e a comunicação acaba por ficar prejudicada", adiantou.
O
autor admite que há uns temas e notícias que são mais difíceis de dar, mas
recordou que para as mesmas existem normas, inclusive internacionais, como, por
exemplo, para comunicar a alguém que tem cancro.
"Há
muitas coisas simples que se podem fazer e que são importantes do ponto de
vista clínico e sem custos, como tratar o doente pelo seu nome", disse.
Por
outro lado, os profissionais de saúde nem sempre se identificam devidamente,
explicando ao doente o que são e qual a sua função.
Do
lado dos profissionais, o autor identifica uma certa "postura altiva"
que leva a que estes prestem pouca informação ao doente, mas identifica algumas
causas possíveis para esta atitude, como evitarem um envolvimento maior com o
doente e as suas famílias.
"As
pessoas hoje reivindicam mais a informação. Dantes, em Portugal, eram poucos os
doentes que queriam saber do seu processo clínico", acrescentou,
recordando que "a informação é do doente".
No
livro podem ler-se formas de procedimento que o profissional deve ter, como no
início da consulta "receber o paciente à porta, cumprimentar o doente,
saber qual o nome pelo qual o paciente quer ser chamado, apresentar-se (nome e
profissão), garantir que o doente está confortável".
Introduzir
um tema neutro para facilitar a interação e reduzir a ansiedade, analisar as
preocupações do paciente, identificar os principais motivos da consulta ou as
principais queixas, explicar os objetivos e o procedimento da consulta e obter
o consentimento para se realizar a consulta são algumas das ideias escritas
nesta obra e que se recomendam ao profissional de saúde para o início de uma
consulta.
Lusa
Foto:publico
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