sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Motorista que trabalha com Uber atacada com dejectos de animais

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Incidente aconteceu esta quinta-feira à tarde junto à estação de Campanhã, no Porto.
Uma motorista que trabalha com a Uber foi atacada no interior da viatura que conduz com dejectos de animais ao fim da tarde desta quinta-feira perto da estação de Campanhã, no Porto. O autor do ataque fugiu e não chegou a ser identificado pela polícia, mas a vítima acredita que foi um taxista ou alguém a mando de um destes profissionais.
A motorista Patrícia Madureira, de 42 anos, ficou com “estrume líquido” na cabeça, nos braços e no vestido que usava, como é possível ver nas fotos que partilhou no Facebook. “Já tomei mais de 20 banhos, fui cortar o cabelo a pente um e continuo com um cheiro nauseabundo”, queixa-se a condutora ao PÚBLICO, lamentando a humilhação a que foi sujeita.
A vítima, que chamou a polícia que registou a ocorrência, dirigiu-se esta sexta-feira a uma esquadra para apresentar uma queixa de agressão contra desconhecidos. Foi convocada para se apresentar no Instituto de Medicina Legal, já que não se conhece o teor da substância que a atingiu nem os eventuais efeitos nocivos para a sua saúde. A PSP do Porto confirma, através do seu porta-voz, António Veiga, que recebeu uma queixa deste teor na 4ª. esquadra e adianta que não tem conhecimento de situações idênticas.
O veículo que conduzia, um carro eléctrico que funciona integrado no serviço Uber Green, ficou com dejectos espalhados pelo interior, essencialmente no tablier, nos estofos da frente e no tecto. O proprietário da empresa, parceira da Uber, também apresentou uma participação na PSP por causa dos danos na viatura, confirmou Vítor Pessegueiro, dono da Honras e Cortesias. O empresário considera que a polícia devia ter um papel mais activo na defesa destes condutores essencialmente nas zonas onde tem ocorrido os principais problemas no Porto: as estações de Campanhã e de São Bento e na zona da Batalha. Foi neste último local, que no final de Julho um outro carro da empresa foi danificado ao pontapé por um grupo de quatro ou cinco homens, que o empresário acredita serem taxistas. “Os clientes iam dentro do carro. A parte lateral esquerda da viatura vai ser toda substituída”, explica.
Vítor Pessegueiro já teve um motorista agredido, carros apedrejados e vidros partidos. As ameaças e os insultos são um problema diário. Garante que não é a primeira vez que há ataques com dejectos de animais, mas até agora apenas terão atingido o exterior das viaturas.
Patrícia Madureira conta que tudo começou com um pedido para ir buscar clientes à Rua da Estação, uma via que dá acesso à Estação de Campanhã, um local que normalmente evita devido aos problemas que já ocorreram. “Como o pedido não era para a estação, achei que não havia problema. Onde estava não via os taxistas [que estavam na postura] e eles também não me viam”, explica.
Foi quando os clientes, três jovens estrangeiros que estavam sentados no chão com as respectivas mochilas, se preparavam para entrar no carro que um homem lhe atirou com “um tipo de estrume líquido” que trazia numa embalagem de plástico. Antes, o mesmo já a advertira que não ia fazer “esta corrida”, uma expressão própria dos taxistas. “Ele fugiu para a postura da estação e só saiu de lá quando viu chegar o carro-patrulha da polícia”, afirma.
Desde o início do ano passado, foram reportados às autoridades pelo menos 71 casos de agressões a condutores que trabalham com a multinacional norte-americana Uber em Lisboa e no Porto, uma contabilidade feita pelo PÚBLICO em finais de Abril a propósito do arranque de uma semana de luta dos taxistas contra a actividade da Uber em Portugal. A própria multinacional contabilizou entre Janeiro do ano passado e Fevereiro deste ano 43 inquéritos-crime por agressões ocorridas apenas no Porto. A estes somam-se, 28 queixas contabilizadas pela PSP em Lisboa até final de Fevereiro passado. Destas, 22 denúncias “por ameaças e agressões a condutores e danos” nas viaturas disponíveis através da plataforma digital ocorreram no ano passado e seis casos já este ano.
Público
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