Pedro Ivo Carvalho* – Jornal de Notícias, opinião
Mentir é feio. E isso até as crianças sabem. Mentir no exercício de cargos públicos, além de ser feio, é grave. E isso, suspeito, até as crianças sabem. Mentir no século XXI sobre as habilitações académicas quando se vai para um Governo e se está tão exposto ao escrutínio, é apenas estúpido. Porque o mais certo é sermos apanhados mais depressa do que um coxo quando corre, desenfreado, em terreno escorregadio. No espaço de uma semana, um chefe de gabinete do secretário de Estado da Educação e um adjunto do primeiro-ministro foram forçados a abandonar os cargos por serem detentores de licenciaturas imaginárias. Três, para ser mais exato. O primeiro "enganou-se" em duas, o segundo "enganou-se" numa. Apesar de Sócrates e de Relvas, ainda há quem não tenha aprendido nada sobre escrita criativa nos currículos. Nuno Félix foi o distraído mais recente. E que distração. Não uma, mas duas licenciaturas-fantasma. O primeiro despacho de nomeação era claro: licenciatura em Ciências da Comunicação e licenciatura em Direito. Mas como a careca podia ser descoberta, editaram o documento: a "formação" dos cursos passou para "frequência" dos cursos. Aparentemente, Tiago Brandão Rodrigues sabia de tudo. O ministro da Educação. Da Educação.
*Pedro Ivo Carvalho é jornalista
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