domingo, 15 de janeiro de 2017

A vida de Aristides é "uma bofetada contra o egoísmo e o poder económico"

'Un Hombre Bueno' é o novo filme que narra a vida e obra de Aristides de Sousa Mendes. O Notícias ao Minuto esteve à conversa com o realizador, um argentino de ascendência lusa.
Aristides de Sousa Mendes (ASM) salvou cerca de 30 mil judeus do Holocausto, à revelia de Salazar, o que faz de si um herói da Segunda Guerra Mundial. A história do português comoveu Victor Lopes, um argentino com raízes portuguesas, realizador do novo documentário sobre o cônsul português em Bordéus, por altura da Segunda Guerra Mundial.
'Un Hombre Bueno' [Um Homem Bom], assim se chama o novo documentário que relata a vida do diplomata português. O filme - de cerca de 30 minutos e filmado em Buenos Aires - narra o período da história de junho 1940 em que Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em Bordéus (durante o período da invasão nazi alemã) assinou cerca de 30 mil vistos a judeus, salvando-os assim da morte quase certa no período negro do Holocausto e permitindo com que fugissem do país. Uma decisão que, por ser contrária às ordens de Salazar, engrandeceu a sua figura. 
Ao Notícias ao Minuto, Victor Lopes conta que se apaixonou pelo humanista português em 2012, ao ler um artigo de jornal sobre a sua vida. Ainda sem data prevista para o lançamento, Victor adianta que o documentário se divide em duas partes: uma em que é fiel à história de Aristides e uma outra que é ficcionada.
Quando se apaixonou por Aristides de Sousas Mendes?
Em agosto de 2012 li ,no suplemento cultural do El País, um artigo muito interessante sobre a vida de Aristides. Chamava-se 'El Schindler portugués' e confesso que me comoveu. A partir daí senti-me ligado a este grande humanista português.
Qual a importância do diplomata na história e o que significa para si?
Sendo um homem como outro qualquer, não atuou como a maioria.
Juntamente com Carlos Sampaio Garrido, José Brito Mendes e o Padre Joaquim Carreira foram distinguidos como 'Justos entre as Nações' [num memorial sobre o Holocausto em Jerusalém] pelo ato maior ato que pode fazer um ser humano: salvar vidas!

Considera existir um certo desconhecimento geral sobre quem foi Aristides?
Aqui na Argentina pouco se sabe sobre a vida de Sousa Mendes e o meu trabalho está feito para dar a conhecer a sua obra num período da história adverso.
Quando vai estrear o documentário e onde?
Este ano mas ainda não consigo adiantar uma data certa. Estamos atualmente em negociações com os organizadores de vários festivais de várias partes do mundo. Pelo interesse das pessoas que se têm dirigido a mim, a repercussão do documentário não será pequena.
Como foi o processo de recolha de informação sobre elementos históricos da época?
Tivemos de recorrer a alguns textos que se encontram na internet e que são de acesso público. Não há praticamente nada escrito sobre o Cônsul de Burdéus no nosso país. Mas conseguimos muita informação que não chegámos a incluir no documentário porque tivemos de fazer um resumo. Durante o ano de 2014 fizemos um trabalho de investigação sobre a vida de Aristides de Sousa Mendes e, logo em 2015, apresentei um projeto à Legislatura de Buenos Aires para a colocação de uma placa em sua memória na Plaza Portugal, junto daquele que é o maior símbolo de Portugal em todo o mundo: Luís Vaz de Camões.
Em traços gerais, o que relata o documentário?
O documentário tem duas partes. Uma que é histórica e que resume a vida e obra de Aristides, e outra que é ficção, em que o embaixador deixa o escritório em Bordéus, depois de assinar os vistos, e percorre alguns lugares emblemáticos de Buenos Aires do período da ditadura Argentina entre 1976 e 1983.
O projeto teve apoios de Portugal?
Foi aprovado pelos deputados (na Argentina) e contou com o apoio das Embaixadas de França, Israel, Alemanha, além de outras instituições. Em relação a Portugal, lamentavelmente tivemos a oposição do atual embaixador em Buenos Aires, Henrique Silveira Borges, que não só nos negou apoio, como também se esforçou para que a placa [em honra de Aristides] não fosse colocada na Plaza Portugal. Não sei por que motivos.
 Acho que há políticos em Portugal que não percebem ou não querem entender a transcendência humanista e democrática de Aristides e, pior ainda, tentam escondê-la.
O documentário é uma iniciativa privada sem apoios oficiais. Penso que se tivesse apoios oficiais de alguma instituição, isso podia limitar ou condicionar de alguma maneira a história que queria contar ao mundo.

Que tipo de ensinamento pode trazer a história de vida de Aristides nos dias de hoje? Que paralelo pode ser feito?
Acho que a história de Aristides mantém-se atual, tendo em conta o panorama de uma Europa convulsionada pela emigração. Precisamos de políticos que se esforcem para se colocar na pele do outro, daqueles que sofrem, que são perseguidos, que passam fome. A história de Sousa Mendes é uma bofetada contra o egoísmo e o poder económico que nos governa a todos sem se importar com as pessoas, com os seres humanos.
Temos de lutar para sermos sociedades mais abertas e mais democráticas.
Li recentemente que o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, condecorou Aristides e considero isso um grande gesto do Estado português. Assim como a reconstrução da sua casa natal em Cabanas de Viriato (Viseu), são sinais de que os portugueses veem, pouco a pouco, a figura de Aristides de Sousa Mendes como um herói. Contudo, não percebo como é que o Governo protege o cargo de pessoas como Henrique Silveira Borges.

O Victor tem ascendência portuguesa. Que opinião tem de Portugal?
Tenho primos e tios em São Brás de Alportel, no Algarve. Já visitei duas vezes o país e penso visitá-lo outra vez este ano. É um país que amo, com gente muito educada.
Tem agradecimentos a fazer?
Devo um profundo agradecimento às pessoas que me ajudaram a fazer este documentário e a cumprir um sonho. Naheul Vec, o actor que protagoniza a figura de Sousa Mendes, e Melissa Zwanck, uma excelente atriz argetina que relata a vida e obra de Aristides. Paula Fossati foi a realizadora, atenta a cada detalhe do guião. Tenho de agradecer especialmente ao neto de Aristides, António Moncada Sousa Mendes que me apoiou generosamente nesta aventura na Argentina.
Fonte: noticiasominuto

Orgulho nacional. É cristão. Aristides de Sousa Mendes para sempre. 
GostoResponder217 h
Aristides de Sousa Mendes não salvou 30.000 judeus. Salvou 10.000. Os outros 20.000 eram pessoas das mais variadas proveniências, nacionalidades, religiões, etc. Além disso chamar-lhe o Schindler português é uma idiotisse e até um insulto. Oskar Schindler salvou algumas pessoas mas fê-lo por razões perfeitamente egoistas. Montou a tal fábrica de esmaltes e ganhou bastante dinheiro com isso. No seu gesto não houve nenhuma generosidade, apenas o oportunismo mais abjecto. Não fez mais nada ao longo da vida. Nasceu pobre, serviu-se da guerra, ganhou dinheiro, gastou-o e morreu pobre. ASM era um hommem rico, fez o que fez por generosidade pura, e morreu sem nada. Nunca tentou obter lucros a partir daquilo que fez. Aprenda. Além disso não consta que alguma vez tenha estado na Argentina.
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Também lhe aconselho a leitura dos livros que referi. E uma correcção. Aristides Sousa Mendes , pertencente á carreira consular [ nesse tempo estava separada da carreira diplomática ] não nasceu rico . Teve uma larguissima familia a sustentar, e ainda que afastado da carreira consular, não lhe foi retirada a respectiva reforma. Mas se quer que tenha nascido rico teve muito em que gastar a sua fortuna. Por outro lado, houve na carreira diplomática pessoas que realmente , de uma forma arriscada, sem proveitos, e de uma maneira absolutamente dentro das normas vigentes, salvou sobretudo muitos jud...Ver mais
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Leia o livro que publiquei sobre o assunto. Nasceu rico, sim, filho de Juíz. Teve 14 filhos para sustentar porque quando a mais pequena, Raquel Hermínia, nasceu, ainda a II Guerra Mundial não era uma ameaça. Afinal o que é que o senhor quer? Eu não o critiquei, apenas aperfeiçoei o seu comentário. ele valeu mil vezes mais do que Schindler porque agiu desinteressadamente, nunca foi à Argentina e não salvou 30.000 judeus. Salvou 10.000. Os outros 20.000 que também salvou foram pessoas de todas as origens e culturas. E não os salvou por terem esta ou aquela religião. Salvou-os a todos porque eram pessoas que queriam viver. Quem é o senhor que não aceita uma correcção amistosa? Algum Salazarento requentado? ou apenas algum invejoso? Há uma coisa em que lhe dou razão: espero que o tal senhor argentino tenha feito uma pesquisa séria e não tenha escrito disparates.
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Teresa Mascarenhas Confesso que nem sabia que tinha escrito um livro sobre o assunto tanto ele me interessa. Nasceu na Beira Alta, de uma familia tradicional e da aristocracia beirã [ sei muito bem tudo isso ] mas não rico como eram ao tempo esse tipo de familias. Uns filhos de juizes , outros de Generais ou semelhantes , etc, etc. A QUEM O DIZ !!..Quanto ao assunto - do Schindler e já agora do Wallenberg nada sei para além, de um ,de um filme muito bem feito, mas que não passou de um filme,. Do outro , diplomata sueco ao tempo dos diplomatas portugueses, que esses sim, salvaram também muitas...Ver mais
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Eu só espero que o realozador argentino tenha lido, com cuidado, os extensos e bem documentados livros do Embaixador Dr. Carlos Augusto Fernandes e do Embaixador Dr João Hall Temido. Nada mais pois já bastará E congratulo-me com a chamada de atenção de Gonçalo Perestrello . Na realidade, a menos que se queira promover póstumamente Aristides Sousa Mendes, [ ou confundindo-o com o irmão, Cesar de Sousa Mendes do Amaral e Abranches, que foi Ministro dos Negócios Estrangeiros de Salazar ].
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Aristides de Sousa Mendes não precisa de promoção "postumamente". «O nome dos justos brilhará para sempre nos céus.»
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Eugénia Sousa Quais justos ? Leia os livros que eu indiquei. Não embarque em fantasias e propaganda falsa e mal feita.. A prpósito ainda há tempos estive com o Embaixador Carlos Fernandes . Está bem, felizmente, sempre muito inteligante, lúcido e com muito interesse, No meu tempo foi Director Geral dos Serviços Jurídicos do Ministério dos Negócios Estrangeiros. Se Aristides brilha nos céus então todos nós teremos lá lugar garantido, disso pode estar certa !
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Guilherme de Souza-Girão Deus é que criou as estrelas, Deus é que lhes dá o nome. Aristides de Sousa Mendes salvou cerca de 30 000 mil vidas, a comunidade judaica mundial reconhece o papel fundamental que teve na defesa do seu povo e de outras minorias. Má propaganda é o que esse embaixador, ou pseudo embaixador, Carlos Fernandes diz em entrevistas e escreve em romances de cordel para porteiras do tempo do Salazar. Só explicado por nacionalismo manhoso ou paranóia nazi do perigo sionista.
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Eugénia Sousa As estreas nãob têm nada a ver com as maquinações e aldrabices que os homens fazem.Basta pensar nos números incríveisb que se diz Aristides Sousa Mendes "salcvou" , uns b30,000 outros mesmo 40.000, Isto é que é " romance de cordel para porteiras de quaisuer tempos ". Faças as contas - fala-se em vistos - quanto tempo leva passar um visto e depois veja a conclusão ridiula a que chega. Uma coisa não lhe admito , se não como pessoa ordinária que deve ser e muito - é que insulte -QUANDO NINGUÉM A INSULTOU - uma pessoa que não conhece, um grande diplomata., Embaixador de Portugal ,...Ver mais
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