domingo, 15 de janeiro de 2017

Trabalhadores Social Democratas defendem abstenção do partido na TSU

A estrutura liderada por Pedro Roque assume que ficaria mais tranquila se o PSD anunciasse a abstenção na apreciação parlamentar que vai pedir a cessação da vigência do diploma que prevê a descida da Taxa Social Única.
Pedro Roque lidera a estututura dos Trabalhadores Social Democratas

Os Trabalhadores Social Democratas (TSD), estrutura sindical ligada ao PSD que está integrada na UGT, mantêm o apoio ao acordo de concertação social alcançado em Dezembro e preferiam que o PSD se abstivesse na redução da Taxa Social Única (TSU), caso o diploma do Governo seja levado ao Parlamento pelos partidos da esquerda que apoiam o executivo.

Se me perguntar qual a posição que desejaria do partido, a minha resposta é que se abstivesse”, diz ao PÚBLICO Pedro Roque, secretário-geral dos TSD e deputado social-democrata, que na reunião da bancada, na última quinta-feira, dia 12, foi confrontado com a decisão de Pedro Passos Coelho, assumindo que há “divergências” entre a posição do PSD e a do sindicato que dirige.

"O que une a geringonça não é um projecto para Portugal, é fazer oposição ao PSD"

Questionado sobre se ficou surpreendido com a posição defendida pelo líder do partido, Pedro Roque respondeu: “Ficaria mais tranquilo com o anúncio da abstenção do PSD”.

O anúncio de Passos Coelho deixa os TSD numa situação peculiar: se, por um lado, os seus dirigentes estiveram directamente envolvidos na negociação do acordo (através da UGT); por outro, alguns desses dirigentes também são deputados, estando sujeitos à disciplina partidária.
Empenhámo-nos para que existisse o acordo”, refere Pedro Roque, lembrando que muitas das reuniões de concertação social foram conduzidas por Lucinda Dâmaso, presidente da UGT e membro da direcção dos TSD. “Quando aconteceu [o acordo], eu próprio telefonei ao secretário-geral da UGT para o congratular”, acrescenta.
Mas também entende a posição de Passos Coelho: “Compreendo que o PSD não deve ser a muleta do Governo nas situações em que não consegue o apoio dos partidos que o suportam na Assembleia da República”.

UGT: posição dos parceiros vai reforçar diploma da TSU

Agora, perante a decisão da liderança do seu partido, Pedro Roque diz que irá respeitar a disciplina de voto. Contudo apresentará uma declaração de voto, juntamente com outros deputados que também fazem parte dos TSD. Esta posição foi, aliás, comunicada a Pedro Passos Coelho na mesma reunião do grupo parlamentar.
A redução da TSU é uma das contrapartidas do acordo de concertação, alcançado em finais de Dezembro, que consagrou o aumento do salário mínimo para os 557 euros (em vigor desde 1 de Janeiro). A ideia é que as contribuições das entidades patronais para a Segurança Social baixem 1,25 pontos percentuais (de 23,75% para 22,5%), quando estiverem em causa trabalhadores que, nos últimos três meses de 2016, ganhavam entre 530 e 557 euros (podendo ir até aos 700 euros, considerando o pagamento por trabalho extra e nocturno).
A medida não agrada ao PCP, Bloco de Esquerda e PEV que anunciaram que, quando o decreto-lei for publicado, será chamado ao Parlamento para apreciação. O PSD, que no passado também reduziu a TSU para compensar a subida do salário mínimo, garante que votará ao lado da esquerda, acabando por inviabilizar a redução da TSU.

PSD fora da geringonça


Apesar dessa posição, o PSD rejeita ser responsabilizado por um eventual falhanço de um acordo de concertação social. "Ai nós é que pomos em causa a concertação social? Então eles é que fazem o negócio, desentendem-se entre eles e nós é que temos a responsabilidade?", questionou-se Pedro Passos Coelho numa iniciativa do partido em Faro. "O PSD não faz parte da geringonça e não fará. Tenham ao menos coragem para assumir as decisões que tomam".

Fonte: Público

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