A estrutura liderada por Pedro Roque assume que ficaria mais tranquila se o PSD anunciasse a abstenção na apreciação parlamentar que vai pedir a cessação da vigência do diploma que prevê a descida da Taxa Social Única.
Os Trabalhadores Social Democratas (TSD), estrutura sindical ligada ao PSD que está integrada na UGT, mantêm o apoio ao acordo de concertação social alcançado em Dezembro e preferiam que o PSD se abstivesse na redução da Taxa Social Única (TSU), caso o diploma do Governo seja levado ao Parlamento pelos partidos da esquerda que apoiam o executivo. |
“Se me perguntar qual a posição que desejaria do partido, a minha resposta é que se abstivesse”, diz ao PÚBLICO Pedro Roque, secretário-geral dos TSD e deputado social-democrata, que na reunião da bancada, na última quinta-feira, dia 12, foi confrontado com a decisão de Pedro Passos Coelho, assumindo que há “divergências” entre a posição do PSD e a do sindicato que dirige.
"O que une a geringonça não é um projecto para Portugal, é fazer oposição ao PSD"
Questionado
sobre se ficou surpreendido com a posição defendida pelo líder do
partido, Pedro Roque respondeu: “Ficaria mais tranquilo com o
anúncio da abstenção do PSD”.
O
anúncio de Passos Coelho deixa os TSD numa situação peculiar: se,
por um lado, os seus dirigentes estiveram directamente envolvidos na
negociação do acordo (através da UGT); por outro, alguns desses
dirigentes também são deputados, estando sujeitos à disciplina
partidária.
“Empenhámo-nos
para que existisse o acordo”, refere Pedro Roque, lembrando que
muitas das reuniões de concertação social foram conduzidas por
Lucinda Dâmaso, presidente da UGT e membro da direcção dos TSD.
“Quando aconteceu [o acordo], eu próprio telefonei ao
secretário-geral da UGT para o congratular”, acrescenta.
Mas
também entende a posição de Passos Coelho: “Compreendo que o PSD
não deve ser a muleta do Governo nas situações em que não
consegue o apoio dos partidos que o suportam na Assembleia da
República”.
UGT: posição dos parceiros vai reforçar diploma da TSU
Agora,
perante a decisão da liderança do seu partido, Pedro Roque diz que
irá respeitar a disciplina de voto. Contudo apresentará uma
declaração de voto, juntamente com outros deputados que também
fazem parte dos TSD. Esta posição foi, aliás, comunicada a Pedro
Passos Coelho na mesma reunião do grupo parlamentar.
A
redução da TSU é uma das contrapartidas do acordo de concertação,
alcançado em finais de Dezembro, que consagrou o aumento do salário
mínimo para os 557 euros (em vigor desde 1 de Janeiro). A ideia é
que as contribuições das entidades patronais para a Segurança
Social baixem 1,25 pontos percentuais (de 23,75% para 22,5%), quando
estiverem em causa trabalhadores que, nos últimos três meses de
2016, ganhavam entre 530 e 557 euros (podendo ir até aos 700 euros,
considerando o pagamento por trabalho extra e nocturno).
A
medida não agrada ao PCP, Bloco de Esquerda e PEV que anunciaram
que, quando o decreto-lei for publicado, será chamado ao Parlamento
para apreciação. O PSD, que no passado também reduziu a TSU para
compensar a subida do salário mínimo, garante que votará ao lado
da esquerda, acabando por inviabilizar a redução da TSU.
PSD fora da geringonça
Apesar
dessa posição, o PSD rejeita ser responsabilizado por um eventual
falhanço de um acordo de concertação social. "Ai nós é que
pomos em causa a concertação social? Então eles é que fazem o
negócio, desentendem-se entre eles e nós é que temos a
responsabilidade?", questionou-se Pedro Passos Coelho numa
iniciativa do partido em Faro. "O PSD não faz parte da
geringonça e não fará. Tenham ao menos coragem para assumir as
decisões que tomam".
Fonte: Público
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