domingo, 12 de fevereiro de 2017

O mundo colorido de Luís Simões – e o mundo doce da Alcôa


P
 
 
Fugas
 
 
  Sandra Silva Costa

Não é empreitada para todos: terminar uma relação longa, largar um emprego estável, despedir-se da família e dos amigos, pôr a mochila às costas e sair mundo fora.
 Em pinceladas largas, é este o resumo da aventura de Luís Simões, 37 anos, que em Março de 2012 saiu de casa para ir desenhar o que os olhos vissem lá fora. Tinha na ideia viajar durante cinco anos e só depois voltar a Portugal, com os cadernos cheios de pessoas, paisagens, monumentos, emoções, cheiros e sabores. Por circunstâncias várias, regressou mais cedo, mas a sua World Sketching Tour “segue dentro de momentos”. A Ana Cristina Pereira conheceu-o em Hong Kong, em Novembro de 2014. Reencontrou-o agora, em Lisboa, numa pausa da sua aventura pelo mundo, e escreve sobre o “lado mais duro da vida de nómada, o dos afectos”. Sim, nem tudo são rosas nestas andanças pelo mundo, ora leia e tire as suas próprias conclusões.
Se gosta de sair de casa, mas o mundo é um lugar demasiado grande para si, não desanime: teremos sempre Espanha, tão longe e tão perto de nós. Hoje propomos-lhe uma viagem até Albarracín, “um dos mais belos postais da província de Teruel”, descreve Sousa Ribeiro. Tem cheiro medieval, casario em tons avermelhados, um rio com margens a pedir caminhadas, enfim, uma certa aura de conto de fadas. E, claro, também tem tapas, que nunca são coisa de se rejeitar.
Já a proposta que deixo agora é menos consensual: está aí a época da lampreia e o José Augusto Moreira foi provar como a fazem no restaurante Margem Douro, em Gondomar. Não me alongo em descrições, porque este bicho ou se ama ou se odeia. Abro apenas um pouco a porta e convido os que quiserem a irem lá tirar a prova dos nove.
Por falar em prova, quem está em Lisboa tem mesmo que ir experimentar as delícias que agora moram no Chiado. A aclamada Alcôa desceu de Alcobaça até à Rua Garrett, ocupou o antigo edifício da Casa da Sorte, trazendo de novo para a ribalta o painel de Querubim Lapa, e já está a adoçar, e muito, a boca aos lisboetas – quem não tem uma Alcôa à mão de semear deve parar de ler por aqui. Há por lá todo um desfile de pecados originais, perdão, conventuais, a começar nos mimos de freira, passando pelas castanhas de ovos ou pelo torrão abadessa. E, claro, também há os pastéis de nata que já foram considerados os melhores do país. A Francisca Gorjão Henriques, sortuda, já lá foi – e sobreviveu para contar a história.
Despeço-me com um brinde – até porque já abriram as inscrições para os produtores portugueses que quiserem ir mostrar os seus vinhos ao Brasil. Este ano, Vinhos de Portugal no Brasil, uma iniciativa dos jornais PÚBLICO e O Globo, em parceria com a ViniPortugal, tem escalas marcadas para o Rio de Janeiro e São Paulo (estreia). As festas do vinho em português já têm datas marcadas.
Até para a semana e boas viagens!

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