Investigadora diz que a situação é preocupante, afeta uma em cada cinco famílias, mas ao contrário do que se pode pensar o problema não é apenas económico.
Uma em cada cinco famílias portuguesas estão em situação de insegurança alimentar, sem acesso a uma alimentação saudável ou receando não ter o que comer.
A conclusão consta num dos vários estudos que será esta sexta-feira apresentado pela Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), tutelada pelo governo, que foram desenvolvidos ao abrigo de um projeto (EEA Grants) financiado por países europeus ricos que não fazem parte da União Europeia mas beneficiam do Espaço Económico Europeu.
O estudo em causa, com o nome de "Saúde Come", foi feito por uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências
Médicas da Universidade Nova de Lisboa.
Os resultados mostram que 19,3% da população portuguesa está em situação de insegurança alimentar, o que significa que têm acesso limitado a uma alimentação saudável ou receiam não ter o que comer, sobretudo (mas não só) devido a dificuldades económicas.
O trabalho revela ainda que estes portugueses têm mais doenças crónicas como diabetes, depressão e doenças reumáticas, além de que consomem mais recursos de saúde (hospitalizações e consultas).
A coordenadora da investigação, Helena Canhão, fala num "sério problema de saúde pública que tem impacto em todo o sistema de saúde no país".
Contudo, ao contrário do que se possa pensar, a insegurança alimentar pode ocorrer não apenas por questões económicas, mas também por falta de informação ou isolamento e dificuldade de fazer compras ou preparar alimentos, algo comum entre milhares de idosos.
Apesar de 19,3% das famílias portuguesas estarem numa situação de insegurança alimentar, o estudo também concluiu que a maioria, 14,1%, estão num nível de insegurança alimentar ligeiro. Mais grave é o facto de cerca de 140 mil pessoas reportarem uma insegurança alimentar severa.
Na divisão por regiões, a situação mais grave é nos Açores e Madeira com 29% a sofrerem de insegurança alimentar, números que descem para 22,4% no Algarve, 20,6% no Alentejo, 19,6% no Norte, 19,4% no Centro e 16,4% na Área Metropolitana de Lisboa.
TSF
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