Anúncios do Tribunal estão a ser publicados no Jornal de Angola. Objetivo é tentar encontrar o paradeiro dos destinatários dos créditos do ex-BES Angola que nunca pagaram os empréstimos.
As dívidas de várias empresas ao Banco Espírito Santo Angola (BESA), extinto em 2014 devido ao volume de crédito malparado, estão a ser alvo de ações no Tribunal de Luanda, reclamando o pagamento sob ameaça de penhora, avança a Lusa citada pela imprensa angolana.
Os anúncios estão a ser publicados nos últimos dias pela 4.ª secção da Sala Civil e Administrativa do Tribunal Provincial de Luanda sobre “Ação executiva para pagamento de quantia certa”, em que o exequente é o BESA (apesar de extinto).
Nestes anúncios, publicados no Jornal de Angola e assinados pelo juiz de Direito José de Freitas, são notificadas várias empresas e administradores “atualmente em parte incerta” para fazer os pagamentos – quantias não reveladas -, “sob pena” de avançar a penhora de bens, informa a agência Lusa. É o caso, por exemplo, das empresas Socisul, Instaloáfrica ou Tipol.
A Lusa noticiou a 19 de janeiro que o Banco Económico, que resultou da transformação do BESA (que foi liderado por Álvaro Sobrinho) está a tentar recuperar o crédito malparado que transitou da anterior instituição, no valor total de 3,7 mil milhões de euros, tendo criado uma equipa especializada para o efeito.
A informação foi confirmada na altura em entrevista à Lusa pelo presidente da comissão executiva do Banco Económico, Sanjay Bhasin, e pelo administrador executivo Pedro Cruchinho, a propósito da divulgação do relatório e contas da instituição, referente a 2015, o primeiro apresentado por aquele banco.
A intervenção do banco central angolano, em agosto de 2014, seguiu-se ao colapso do BES português, que era o principal acionista do BESA, e à avultada carteira de crédito malparado da instituição, que chegou a ter a cobertura de uma garantia soberana do Estado angolano, entretanto revogada.
Após a transformação em Banco Económico foi feito um ajustamento dos fundos próprios da instituição no valor de 488.780 milhões de kwanzas (3,7 mil milhões de euros à taxa de câmbio de 2014, data da intervenção do BNA), para fazer face ao volume de crédito malparado.
A transformação do antigo BESA, por decisão do BNA, levou à entrada de novos acionistas, como a petrolífera Sonangol, e à diluição das anteriores participações, em que o Novo Banco ficou apenas com uma posição de 9,72% para absorver o aumento de capital do Banco Económico, no valor de 72.000 milhões de kwanzas (cerca de 570 milhões de euros à taxa de câmbio de outubro de 2014). “Essa operação [recapitalização] está totalmente concluída. Não antevemos novas necessidades de capitalização”, admitiu, o presidente da comissão executiva do banco, Sanjay Bhasin, citado pela Lusa.
A Procuradoria-Geral da República já confirmou entretanto que está a investigar o colapso do antigo BESA.
Fonte: Dinheiro Vivo
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