1. O segredo mais bem guardado da História de Portugal
Caros leitores de As Beiras, façam o favor de se sentar, respirar fundo e ouvir com atenção (mais de 70% vão ficar surpreendidos); Foi em Coimbra que nasceu Portugal!
Para além de aqui ter nascido, foi a partir de Coimbra que o Portugal recém-nascido, desabrochou, cresceu, se desenvolveu e se tornou Homem de corpo inteiro, ou seja; Reino cristão independente, num processo lento. Acidentado mas determinado, que demoraria cerca de 40 longos anos ( 1139-79 ). Foi um parto muito difícil!
Coimbra e o seu Condado foram o berço do novo Reino ao dar-lhe condições políticas e económicas, nesse conturbado Séc XII, face à poderosa hegemonia de Leão e de Castela que dominavam a Península!
Este facto é incontornável para os conhecedores mais profundos da História de Portugal, mas à sua volta, por razões que desconheço, tem-se criado uma verdadeira “Conspiração do silêncio”, perante a conivência dos poderes instituídos e das entidades culturais, perante a apatia e o desinteresse de todos nós!
Os professores não o ensinam aos alunos na escola, a população na sua maioria desconhece, a cidade e a Região saem profundamente prejudicadas face a outros centros mais criativos, mais lutadores, mais determinados, que descodificam a História à sua maneira criando uma narrativa própria que rentabilizam e tiram disso largos proveitos.
Neste caso, tal como em muitos outros, não reivindicamos o que é nosso, e como é óbvio, pagamos as consequências!
Passemos aos factos sobre “o segredo mais bem guardado da História de Portugal”!
2. O Condado Portucalense em desagregação
Com a morte prematura do Conde D. Henrique, seu filho Afonso Henriques, que tinha vivido a infância no pequeno Condado Portucalense, viu de repente goradas as suas esperanças de vir um dia a ser conde.
Sua mãe, D. Teresa, de origem galega, viu-se de repente, uma vez viúva, assediada a Norte por nobres galegos e posteriormente invadida por tropas de Leão querendo anexar e fazer regressar o Condado Portucalense ao Reino de Leão.
Afonso Henriques, rebelde, lutador e audaz, não estava pelos ajustes. Tinha sido preparado para ser Conde, de um pequeno condado é certo, e não queria que ele fosse desfeito e voltasse às origens galegas! Mas não tinha forças à sua volta em número suficiente capazes de lutar por aquilo que estava destinado a ser seu!
Na fronteira a Sul também não tinha saída possível, bloqueado pelos senhores de Entre Douro e Minho satisfeitos com seus feudos e regalias, que lhes davam paz, riqueza e poder. Em suma, o Condado Portucalense estava em vias de desintegração. A luta era desigual!
3. O primeiro passo decisivo para a fundação de Portugal
Foi então que Afonso Henriques, sem saída à vista, teve a suprema inspiração! Iria escolher Coimbra para a protagonista principal da História e em vez de poder vir a ser um simples conde de um pequeno Condado, como o Portucalense, em vias de extinção, lutaria para ser Rei dum território mais vasto, formado por dois condados (o Portucalense, em desaparecimento, e o de Coimbra, no seu auge), a que iria chamar Portugal!
E dirigiu-se a Coimbra, a cidade mais importante da época, capital do florescente condado de seu nome, de origem moçárabe, cosmopolita e multicultural. A luta ia começar. Foi o primeiro passo decisivo para a Fundação de Portugal!
Fonte: Diário as Beiras
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