Meios de comunicação não noticiaram morte do dissidente. Ocidente pede agora a Pequim para deixar sair a viúva, Liu Xia. BBC diz que o seu paradeiro é, neste momento, desconhecido.
A China rejeita as críticas internacionais de que foi alvo por não ter permitido que o dissidente Liu Xiaobo, que morreu na quinta-feira, fosse tratado no estrangeiro.
"A forma como lida com o caso Liu Xiaobo é do foro interno da China e os países estrangeiros não estão em posição de tecer comentários impróprios", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estranheiros, Geng Shuang, na primeira reacção após a morte do dissidente. Segundo a agência oficial Xinhua, o mesmo responsável acrescentou que os médicos chineses fizeram todos os esforços para tratar Liu.
O activista, que foi condenado a 11 anos de prisão por "subversão", morreu num hospital, vigiado pela polícia, aos 61 anos. Segundo a informação divulgada pelo médico, Teng Yue, morreu "tranquilamente" rodeado pela mulher e outros familiares e as últimas palavras foram "Continuem a viver bem".
O Comité Nobel, que lhe concedeu o prémio da Paz em 2010, disse em comunicado que a China tem sobre os ombros o "pesado fardo da responsabilidade" da sua morte. Uma posição reiterada por países ocidentais como os EUA e o Reino Unido, que agora tentam que o Governo chinês deixe partir para o estrangeiro a mulher do dissidente, Liu Xia, que vive em prisão domiciliária desde a condenação do marido e sofre de depressão profunda. A BBC diz que o seu paradeiro é, neste momento, desconhecido.
O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Sigmar Gabriel, disse que a China "tem agora a responsablidade de, de forma rápida, transparente e plausível, responder à pergunta sobre se o cancro poderia ter sido diagnosticado mais cedo".
O Comité Nobel também considerou a morte de Liu "permatura" e disse que a recusa chinesa em deixá-lo sair do país para ser tratado no estrangeiro — quando foi anunciado que estava doente, em Junho, o cancro no fígado estava já em fase terminal — é "profundamente perturbadora".
Após o anúncio da morte, a polícia chinesa impediu os repórteres de imagem de fotografarem a casa do dissidente em Pequim.
Segundo os jornalistas estrangeiros na China, a morte de Liu Xiaobo não foi noticiada nos meios de comunicação chineses. O Global Times, na sua edição em língua inglesa, dissera em editorial que Liu era "uma vítima desviada" pelo Ocidente. "O lado chinês tem-se focado no seu tratamento, mas algumas forças ocidentais estão sempre a tentar levar a questão para o lado político, considerando o tratamento um tema de ‘direitos humanos’". A BBC diz que alguns dos comentários a este editorial parecem ter sido censurados.
Fonte: Público
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