Uma menina argentina de oito anos foi alegadamente torturada durante 12 horas pelo irmão do seu padrasto, em Sabiñánigo, na província espanhola de Huesca, quinta-feira, dia 6. Naiara Abigail Briones foi levada para o hospital, mas acabou por morrer na sequência dos ferimentos.
Naiara vivia com o tio e a avó - irmão e mãe do seu padastro. Durante meses a fio, terá sofrido agressões psicológicas e físicas. Na semana passado, o seu tio, Iván Pardo Peña, de 33 anos, terá trancado a menina num quarto para torturá-la. Ao final de mais de 12 horas, chamou os serviços de emergência médica.
A criança foi encontrada pelos paramédicos com contusões e cortes em todo o corpo, sinais de ter estado amarrada nos pulsos e tornozelos e grandes golpes na cabeça. Os joelhos da menina encontravam-se em carne viva. Os médicos acabariam por diagnosticar um edema cerebral e uma rotura no baço.
Naiara ainda foi assistida com vida e levada para o Hospital Miguel Servet, em Saragoça, mas acabou por morrer no dia seguinte.
A gravidade e o tipo de lesões que a criança sofreu levaram os especialistas a questionar a versão inicialmente avançada pelo alegado agressor - de que a menina teria caído pelas escadas. O homem de 33 anos acabou por confessar que era responsável pelas atrocidades sofridas por Naiara, tanto na ocasião que levou à sua morte, como em ocasiões passadas.
Fontes citadas pelo jornal espanhol "El Mundo" afirmam que tanto o padrasto como a avó "não viam mal nenhum" nos castigos que Iván infligia à menina. Segundo as mesmas fontes, o alegado homicida cresceu num ambiente de maus-tratos e considerava a punição física como uma forma "normal" de educar uma criança.
Naiara fora afastada da mãe pelo padastro, que a enviou para casa dos familiares como castigo por "se recusar a estudar", escreve o jornal "El Mundo". O pai biológico, que vive no Chile, veio a saber da morte da filha através da imprensa espanhola e exige agora justiça.
Adolfo Briones, de 30 anos, terá conhecido a mãe de Naiara na Argentina, através da Internet. Estiveram juntos durante três anos, relação da qual nasceu Naiara. Há cinco anos que o homem não via a filha. De acordo com o jornal "El País Digital", o pouco que Adolfo Briones sabia sobre a filha resultava das conversas esporádicas que tinha com a ex-companheira. A mulher terá inclusive confessado que a família do namorado "não tratava bem a Naiara".
Através das redes sociais, o homem está a pedir ajuda para viajar para Espanha e repatriar os restos mortais da menina, que foi enterrada na segunda-feira, em Sabiñánigo. Por sua vez, através de um comunicado divulgado esta terça-feira, a mãe da menina e o seu companheiro desejam que os restos mortais permaneçam num cemitério local.
Em Sabiñánigo, cuja população mal ultrapassa as 9 mil habitantes, algumas pessoas repararam no estado da criança: "Eu vi-a todos os dias pela minha rua a caminho da escola. Nunca dei conta de que estaria a sofrer maus tratos. Mas vi-a magrinha e abatida".
Ivan Pardo Peña está, desde sábado, em prisão preventiva e sem fiança por suspeita de homicídio. O alegado agressor está detido na prisão de Zuera, em Saragoça.
JN
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