segunda-feira, 24 de julho de 2017

Pedrogão: Seguradoras não conseguem pagar às famílias porque Estado mantém lista em segredo


A não divulgação da lista oficial de vítimas mortais pelo Estado está a bloquear a chegada de ajuda monetária às vítimas de Pedrogão. Luís Marques Mendes revelou na SIC uma queixa da Associação Portuguesa de Seguradores às autoridades. Nádia Piazza, presidente da futura associação de apoio às vítimas, vai pedir audiências ao Presidente da República e outras entidades.
O dinheiro dos donativos não está a chegar a Pedrógão. Os familiares das vítimas de Pedrogão não estão a ter acesso nem aos fundos doados, nem aos seguros. Essa é a conclusão que se retira das declarações, por um lado de Nádia Piazza, presidente da futura Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, que disse à SIC Notícias que há uma demora na aplicação dos donativos que “é insuportável”, e por outro do comentário de Luís Marques Mendes, também na SIC, que disse que as seguradoras não conseguem pagar às vítimas porque o Estado mantém a lista dos nomes em segredo de justiça e não fornece a lista dos carros ardidos.
“A Associação Portuguesa de Seguros já se queixou às autoridades deste bloqueio que está a atrasar o pagamento dos seguros às vítimas”, denuncia Marques Mendes. As seguradoras constituíram um fundo no valor de 2,5 milhões de euros  para apoiar as vítimas, querem atribuir essas compensações e não conseguem pagar porque desconhecem a lista de vítimas e a lista de carros queimados nas chamas.
Já Nádia Piazza disse ontem ainda que “a MEO tem cobrado multas pelos cancelamento dos contratos de pessoas que morreram [na tragédia de Pedrógão]”, denunciou a presidente da futura associação.
Familiares das vítimas de Pedrógão Grande criticaram este domingo a falta de informação e de acompanhamento psicológico, numa reunião para debater os estatutos da futura associação de vítimas da Pedrogão, na qual ponderaram avançar com um processo coletivo contra o Estado, avança Nádia Piazza que diz que em agosto vão solicitar audiências com o Presidente da República, com o Presidente da Assembleia da República os Grupos Parlamentares, com a Procuradoria e com o Provedor da Justiça.
O encontro aconteceu em Figueiró dos Vinhos e juntou familiares das vítimas do incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande, a 17 de junho, para definir os estatutos da futura Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, avança a Lusa.
Na reunião, os presentes criticaram a ausência de informação útil, a burocracia, a não divulgação da lista oficial de vítimas mortais e a falta de apoio psicológico, disse à agência Lusa uma das promotoras do movimento, Nádia Piazza, que perdeu o filho na tragédia.
Em cima da mesa, avança a Lusa, esteve também a possibilidade de se criar um memorial às vítimas e de se avançar com um processo coletivo contra o Estado, mas Nádia Piazza sublinhou que essa decisão ainda terá de ser pensada.
Nádia Piazza alertou ainda para o facto de os familiares não terem acesso à lista oficial das vítimas do incêndio, para além de haver falta de “informação concisa e útil” para as pessoas.
“As questões burocráticas pequenas estão a moer as pessoas”, disse a presidente da futura associação, referindo que informação sobre a possibilidade de apoios ou o que fazer em relação aos carros ardidos – “que as pessoas “não sabem onde estão” – não está a ser facultada.
Na reunião, que contou com a participação de cerca “de 30 a 40 pessoas”, ficaram definidos os estatutos, sendo que a Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande deverá ficar formalmente constituída a 13 de agosto, numa assembleia geral que se vai realizar em Vila Facaia, no concelho de Pedrógão Grande, informou.
O incêndio que deflagrou a 17 de junho em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, provocou pelo menos 64 mortos e mais de 200 feridos e só foi dado como extinto uma semana depois.
Das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, pelo menos 47 morreram na Estrada Nacional 236.1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas, resume a Lusa.

Fonte: Jornal Económico

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