segunda-feira, 30 de outubro de 2017

Costa e Marcelo já não estão numa relação (Lenine também não)



P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Bom dia! Que tal o fim-de-semana?
Vamos às notícias? 

“Puigdemont, ouve, nós também somos o povo”. Pela segunda vez desde o referendo de 1 de Outubro, os catalães que defendem a unidade de Espanha voltaram a encher o centro de Barcelona - e a Sofia Lorena ouviu-os nesta reportagem. Com as sondagens a mostrar o independentismo em perda, o El Pais conta hoje que os partidos da coligação de Puigmont admitem ir às eleições convocadas por Madrid, em listas únicas. Para eles, a melhor notícia do momento talvez seja esta: o Girona bateu o Real por 2-1. Mas a pergunta do dia é outra: e se todo o governo catalão aparecer esta segunda-feira para trabalhar?
Há um escândalo sexual a afligir o Governo britânico. O secretário adjunto para o Comércio Internacional, Mark Garnier, confirmou ter usado linguagem pouco profissional, de cariz sexual, falando com a sua secretária, dando-lhe também dinheiro para lhe comprar... brinquedos sexuais. Downing Street já abriu um inquérito ao caso.
A Arábia Saudita 'piscou o olho' às mulheres: a partir de 2018, elas vão poder assistir a jogos em três estádios do país. E a isto o reino chama uma "reforma estrutural".
Lewis Hamilton voltou a ser campeão. O nono lugar no Grande Prémio do México bastou-lhe para garantir o título, mas não faltaram peripécias na corrida. “Foi uma forma horrível de ser campeão, mas o que é que eu posso fazer?", pergunta ele.

O que marca o dia

Os avisos de Costa a Marcelo chegaram de um quartel"Seria uma enorme perda que fosse prejudicada a boa relação", disse o primeiro-ministro, numa entrevista à TVI feita junto aos carros de bombeiros. Simbólico? A verdade é que em Belém se fala de "mais uma oportunidade perdida", como nos conta a Leonete Botelho. E o facto é que o que António Costa não disse, na sua primeira entrevista após a segunda grande tragédia, é toda uma afirmação. O que me leva ao Editorial de hoje: Costa e Marcelo já não estão numa relação. E acrescenta a Sónia Sapage: serão as picardias entre São Bento e Belém para sempre, como os diamantes?
Sobre os incêndios, anote ainda estas três notícias soltas: o Estado foi condenado pela morte de uma bombeira (conta o jornal i); a EDP contesta o relatório dos peritos(no Negócios); e os técnicos, os mesmos que estudaram Pedrógão, pedem agora uma investigação aos incêndios "enormes e rápidos" de 15 de Outubro (via TSF).
Hoje, Costa e Marcelo reencontram-se, com uma testemunha à mesa: o presidente da Comissão Europeia é o convidado do Conselho de Estado, que discutirá o futuro da Europa e os temas em aberto entre Lisboa e Bruxelas. Olhando para a agenda, a Teresa de Sousa diz que a ambição é grande - a realidade nem tanto. De resto, pelo que disse Marcelo ao PÚBLICO, nem o défice estará no prato.
Hoje há duelo marcado... no PSD. Mas é à vez: Rui Rio e Santana Lopes vão falar aos deputados, nas jornadas parlamentares, explicando-lhe os seus projectos. A Sofia Rodrigues resolveu pôr sal e pimenta na conversa e fez três perguntas aos seus directores de campanha: um fala de "irreverência" o outro de "estados de alma". A sobremesa promete.
Outra novela interminável é a do juiz Neto de Moura. A Ana Henriques descobriu agora que o juiz do Porto já reduziu a pena a uma mulher que tentou matar o marido por ciúme (o que leva um advogado a concluir que “Este juiz não suporta a infidelidade"). Talvez se lembre que, no sábado, Neto de Moura dizia ao PÚBLICO que estava a ser "deturpado" (dando como exemplo um outro acórdão... também polémico).
A nossa manchete é também sobre crimes. Analisando 24 anos de registo de criminalidade, a Rita Marques Costa descobriu que os crimes informáticos foram os que mais cresceram. A boa notícia é que os números não param de cair desde 2008.
Registe ainda esta aliança improvável: depois de Paulo Azevedo, líder da Sonae (dona do PÚBLICO) ter dito ao Expresso que o Parlamento devia travar a compra da TVI pela Altice, eis que a líder do Bloco promete guerra parlamentar ao negócio. É ver para crer. 

E uma pausa para ler... 

Quatro temas importantes, para ler aqui no PÚBLICO:
1. A seca está aí - e ela é extrema. Quase metade das albufeiras está abaixo de 40%, descreve a Lurdes Ferreira, detalhando o cenário trágico e perigoso: "Seca nas barragens, combustíveis fósseis na electricidade, explosão de emissões de dióxido de carbono. É a cadeia de consequências que se desenvolve há meses".
Como nos contam os repórteres do PÚBLICO, é assim um pouco por todo o país:enquanto o planeta aquece (aquece muito), no meio da terra seca, o planalto mirandês pede ajuda e chuva (um texto da Patrícia Carvalho, aqui com as fotos do Adriano Miranda); em Castro Verde a poeira cobre os tractores quando lavramnas aldeias da Lombada, os veados já estragam culturas
E a pergunta que nos fazemos é esta, a que a Andrea Cunha Freitas tenta dar respostas: o Verão no Outono não é invulgar, mas tanto assim? 

2. Duas leituras obrigatórias sobre a revolução comunista. A primeira estava na capa do P2 de ontem e é sobre Os 10 dias que deixaram de abalar o mundo. O título do Manuel Carvalho é, claro, uma contestação da tese de John Reed, o jornalista militante cujos restos mortais estão no mausoléu de Lenine em Moscovo. E serve apenas como ponto de partida para uma reflexão: "Não haverá na revolução lições para os tempos turbulentos e incertos que vivemos?"
A outra reflexão, o segundo texto, parte da entrevista ao historiador Orlando Figes, feita pela Teresa de Sousa. E pergunta ela: "O que podemos aprender sobre a Rússia de hoje e sobre aquela que levou à Revolução de Outubro? Muita coisa. 'A tragédia de um Povo 1891- 1924' é apenas uma das tragédias russas". Os textos estão aqui: Lenine inventou as fake news; e “O poder na Rússia continua a ser total, quem o não tiver não é nada”.

3. Os populistas já estão aí e tornaram-se o novo normal. Na Áustria e na República Checa, as legislativas foram ganhas por políticos populistas, que piscam o olho à extrema-direita. Não se engane com a derrota de Le Pen no início do ano: a direita radical não vai desaparecer, conta a Maria João Guimarães.
E agora este, para aliviar:
4. "A virgem, o marquês sádico e um crime à mesa". Os contos fantásticos que compõem The Bloody Chamber, da escritora britânica Angela Carter, foram transformados num jantar sangrento através de um projecto académico transdisciplinar que cruza literatura, gastronomia e design. A Alexandra Prado Coelho e a Sibila Lind desvendam como, neste caso, a culpa não é do mordomo (ou será?).

Agenda do dia

De olhos postos na Catalunha, que hoje leva a exame as ordens de Madrid, em Lisboa reúne-se o Conselho de Estado, com a Europa sob a mesa. E há tambémum duelo à sombra no PSD, dentro de uma sala das jornadas parlamentares: Rui Rio e Santana Lopes tentam convencer os deputados, à vez, que desta vez é com eles. Hoje também o Governo lança um novo produto de poupança a sete anos, enquanto o ex-autarca de Braga, Mesquita Machado, começa a ser julgado por abuso de poder, no âmbito do "Caso das Convertidas". Falando em histórias negras, o MOTELX tem o seu dia em Paris: hoje passam oito curtas-metragens de terror portuguesas na Cinemateca Francesa.
Por hoje despeço-me, na esperança de que o dia nos traga pelo menos isto: infinitas possibilidades de amar. Pelo meio, por aqui, teremos sempre as notícias.
Dia bom! Até amanhã!

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