Mais de 800 milhões de pessoas não têm acesso a cuidados básicos e essenciais de saúde, revela um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Banco Mundial. Há ainda 100 milhões de pessoas que caem na pobreza extrema e vivem com menos de 1,7 euros por dia. China e Índia são os países onde as falhas são mais flagrantes.
O relatório da OMS e do Banco Mundial avalia indicadores na área da saúde em mais de 120 países e refere que mais de 800 milhões de pessoas em todo o mundo, o correspondente a 12 por cento da população mundial, gastam menos de dez por cento do seu orçamento familiar em cuidados de saúde.
Os dados revelam ainda que 100 milhões de pessoas caem na pobreza extrema, vivendo com menos de 1,7 euros por dia porque têm de pagar pelos cuidados de saúde.
Outros 122 milhões de pessoas caem abaixo da linha da pobreza com 2,5 euros diários por causa dos gastos na área da saúde.
Governos não dão prioridade à saúde pública
O diretor de Saúde e Nutrição do Banco Mundial, Timothy G. Evans, explicou que o crescimento se deve ao facto de “os Governos não conferirem prioridade à saúde pública e de as pessoas terem cada vez mais altas expectativas de como deve estar a sua saúde”, levando-as a pagar “porque não obtêm uma cobertura pública suficiente”.
O relatório revela ainda que, apesar de se ter registado um progresso de três por cento no cumprimento da meta de acesso a cuidados de saúde, há ainda pelo menos 180 milhões de pessoas que gastam um quarto do seu orçamento nesta área e que este grupo está a crescer a um ritmo de cinco por cento ao ano.
Naoko Yamamoto, diretora-geral adjunta do departamento de Cobertura Sanitária Universal da OMS, denunciou o facto de surgirem entidades privadas de assistência médica para suprir as necessidades que “deveriam ser cobertas pelos serviços públicos”.
Esta responsável referiu ainda que a China e a Índia, com grande densidade populacional, são os países onde este fenómeno se registou mais acentuadamente no ano passado.
O relatório aponta a América Latina como a região no mundo que apresenta a menor percentagem de pessoas que gastam pelo menos dez por cento do orçamento familiar em assistência na área da saúde, registo que representa 14,8 por cento da população mundial, cerca de 88 milhões de pessoas.
No que diz respeito à dependência das famílias com a saúde, verifica-se que 6,3 milhões de pessoas caíram na pobreza nos países com fracos recursos, embora a percentagem de pessoas revele uma descida nos últimos anos.
O relatório faz também notar que nos países pobres apenas 17 por cento das mães e filhos recebem assistência médica básica. Percentagem que aumenta para 74 por cento nas nações mais ricas.
O documento da OMS e do Banco Mundial destaca ainda que mil milhões de pessoas não recebem tratamento para a hipertensão, mais de 200 milhões de mulheres não têm acesso ao planeamento familiar e cerca de 200 milhões de crianças não recebem todas as vacinas de que necessitariam.
Fonte: RTP Noticias
c/ agências
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