segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

O julgamento mais polémico do ano # A desafiante estreia de Centeno

P
 
 
Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Viva! Foi bom, o fim-de-semana?
Hoje teremos um dia cheio de notícias.
Mas começo pelo que aconteceu nas últimas horas:

Puigdemont voou para a Dinamarca, arriscando a prisão. O líder reeleito (mas não empossado) da Catalunha foi avisado pela Justiça de que, se saísse de Bruxelas, seria emitido um mandato europeu de detenção. Mesmo assim, meteu-se no avião para Copenhaga. O que acontece agora só daqui a pouco vamos saber. 
O Senado manteve o Governo americano em 'shutdown'pelo terceiro dia consecutivo, mostrando de novo o fracasso para democratas e republicanos chegarem a acordo na imigração e no limite de despesa pública. A próxima votação está agora marcada para o meio-dia de hoje. Se quiser perceber como funciona o shutdown, a CNN tem um vídeo que ajuda
A Alemanha ficou mais perto de ter novo GovernoNum congresso especial, os sociais-democratas do SPD aprovaram o início de negociações formais com os democratas-cristãos da CDU de Angela Merkel, deixando a Europa a respirar um pouco mais de alívio.
O Facebook decidiu dar aulas na Europavai abrir três centros de formação digital em Espanha, Polónia e Itália, onde pretende desenvolver as competências digitais de um milhão de pessoas ao longo dos próximos dois anos.

O que marca o dia

O julgamento mais polémico do ano. O caso dá pelo nome de Operação Fizz e - talvez já saiba - julgará o ex-vice Presidente de Angola e outros suspeitos portugueses. Acontece que o Ministério Público não conseguiu notificar Manuel Vicente - e, descobriu a Ana Henriques, o próprio MP acha que a solução (separar o processo dele e dos outros acusados) torna muito difícil uma condenação. Hoje, lançando o tema, temos um guia sobre o caso de que vai ouvir falar muito; também um ponto de situação sobre o enorme problema diplomático que ele está a criar; e algumas notas tão divertidas como significativas que constam da acusação. Um lembrete: isto é tão sensível e "bizarro" que até o superjuiz foi chamado a testemunhar
Uma polémica na Operação Marquês. Depois de os advogados de José Sócrates dizerem que as escutas lhes chegaram com um vírus destruidor, o MP responde que o vírus veio dos arguidos (e que as escutas estão intactas), diz o jornal i
O dia 1 de Mário Centeno no Eurogrupo é hoje, em ambiente de aproximação entre Berlim e Paris, explica o Sérgio Aníbal, contando a "esperança" e o "desafio" que o português terá pela frente. O desafio é, claro, a reforma do euro - tema da crónica de Luís Teles Morais, também hoje aqui no PÚBLICO. Mas a chegada de um português ao centro da moeda única é, também, o primeiro passo para a saída de outro:  Vítor Constâncio está de saída do BCE - e o Eurogrupo vai discutir quem o substitui. 
A esquerda posicionou-se contra Rui Rio. Em apenas duas horas, o PCP lançou um alerta para uma possível “retoma formal ou informal do chamado bloco central”; e o Bloco apontou o dedo "à voz da direita conservadora" que "quer voltar ao bloco central" e ao" monopólio do negócio".
O PS diz que Rio é para namorar, não para casar. Sabendo que o novo líder do PSD vai abrir um novo capítulo na novela da vida política portuguesa, a Liliana Valente foi saber o que estão a pensar os socialistas. O que eles esperam e querem de Rui Rio é isto.
Uma proposta para um problema "novo": o PS sugere penas mais duras para casos de violação de privacidade na Net.
Um outro problema "novo": o vício dos videojogos. A Organização Mundial de Saúde discute agora se esta é uma nova patologia - mas o tema é polémico.
Um velho problema com novos contornos: 2017 pode ter batido o recorde do século de saldo populacional negativo, com mais 24 mil mortes do que nascimentos, conta a Alexandra Campos.
Um Exército com problemas antigos: diz o DN que mais de 1500 cabos e soldados pagaram para sair nos últimos três anos.
Uma receita que preferíamos não ter: o Estado encaixou 1,5 milhões de euros com a madeira ardida dos incêndios, anota o JN
E uma economia com uma virtude nova: o nosso aeroporto entrou na "primeira liga" da Europa, agora que passou os 25 milhões de passageiros ao ano, diz o Negócios. E ainda nem chegaram os 61 novos hotéis previstos para este ano, anunciados pelo DN.

Trabalhos com P grande

Foram três edições cheias de temas importantes, de bons trabalhos do PÚBLICO, de belos textos no caderno principal e no P2 de domingo. Aqui fica o essencial, para ler agora - ou recuperar mais tarde
1. Um ano em que nada mudou e, porém, quase tudo mudou. Falo de Donald Trump, claro, que já é presidente da América há um ano. Na análise ao aniversário, a Teresa de Sousa olhou para trás, mas não só: “A questão", diz ela, "não é saber se Trump foi pior ou melhor do que se esperava. A questão é que o pior ainda pode estar para vir.” Talvez o Alexandre Martins tenha a melhor síntese: ele ainda não mudou a América, mas já mudou a Casa Branca (e também a economia, acrescenta o Ricardo Cabral). E o Tiago Moreira de Sá terá a melhor tese nova sobre o fenómeno: puritanismo, não tanto populismo. Entretanto, estamos todos a olhar para uma palavra: impeachment (mas será que ela está viva?). Maybe not. É como diz a reportagem da Isabel Lucas, entre Washington DC e Nova Iorque: com Trump, a América está em busca de um novo normal, o da crispação. E ao shutdown, podemos chamar "novo normal"?
2. Dois anos de Marcelo: os afectos também são política? A eleição de Marcelo como Presidente consagrou o novo ciclo político e psicológico do país. Em dois anos, passámos de “lixo” a “heróis do mar”, numa visão feliz que Lídia Jorge escreveu ainda antes da vinda da troika. Em que medida se pode relacionar a mudança política com esta profunda alteração do sentimento colectivo? E que papel podem ter desempenhado as emoções nessa terapia colectiva (ou nessa revolução silenciosa)? A Leonete Botelho foi conversar com cinco estudiosos das emoções de diferentes áreas - começando pelo conselheiro de Estado António Damásio - a percorrer o caminho dos afectos até à política. As respostas  estão aqui.
3. O miúdo porta-se mal? Não chame a "supernanny". Não é fácil educar. É raro o pai que nunca se confrontou com um dilema, com uma dúvida sobre a educação dos filhos. E agora o que vou fazer? Fiz bem? Devia ter feito de outra maneira? A culpa é minha? Se calhar tenho de pedir ajuda, mas a quem? O polémico programa televisivo Supernanny procura dar essa ajuda aos pais dos filhos mais mal comportados. Final feliz? Nem por isso. Não é na televisão nacional que se resolvem os problemas privados. Os pais têm outras alternativas, explica a Bárbara Wong.
E, dito isto, será o programa um pecado? O João Miguel Tavares diz que é indefensável, mas que os problemas não acabam ali; e o Francisco Teixeira da Mota responde assim: "Nem crime, nem castigo". E vale a pena ler os dois, porque vão para para lá do politicamente correcto.

A agenda de hoje

Dos momentos altos do dia já lhe falei: o início do julgamento do processo Operação Fizz, em Lisboa; da estreia de Centeno à frente do Eurogrupo. Do que ainda não lhe falei foi das jornadas parlamentares do PS, que hoje de debruçam sobre "Proximidade, Transparência e Descentralização". Nem da agenda do primeiro-ministro, que hoje vai mostrar-nos uma "Estratégia de recuperação do Pinhal de Leiria" (que bem precisa de uma, depois do que aconteceu em Outubro).
Lá fora, olhos postos em Zurique, onde a FIFA avalia como se tem portado o videoárbitro. Assim como na Irlanda do Norte onde têm lugar as últimas negociações para pôr fim à crise política que dura há um ano. Que tenham um final feliz. Ou como dizem na Dinamarca, que tudo acabe em LykkeAssim mesmo, como merecemos (e se é bom estar assim).
Que o dia seja o que merece, para entrar bem na semana.
Eu aqui estarei de novo amanhã,
para ajudar a acordar com notícias... e um sorriso.

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