Com Rio, a juventude – pelo menos a juventude com notoriedade – vai para a fila de espera. O que fará a juventude do PSD durante a nova liderança? A maioria fará o mesmo: esperar. |
«Há gente fantástica no PSD», foi das últimas coisas que Pedro Passos disse sobre os quadros de futuro do PSD. Não nomeou nem endorsou, como seria aliás expectável da sua parte. E o protagonismo das camadas jovens dentro e fora do grupo parlamentar ‘laranja’ não foi o maior nos últimos dois anos, especialmente se comparado com o do PS.
À exceção de Hugo Soares, cuja liderança parlamentar não acabou exatamente bem, os holofotes institucionais não estiveram apontados para o futuro no PSD. Os vice-presidentes de maior peso político foram apostas experientes (Marco António Costa, Maria Luís Albuquerque e Teresa Morais) e os candidatos, por exemplo, nas últimas autárquicas não foram propriamente jovens nem em Lisboa (Leal Coelho) nem no Porto, nem na coordenadação autárquica (Carlos Carreiras).
Se olharmos para as vice-presidências de bancada, António Leitão Amaro e Miguel Morgado, que estiveram no Governo com Passos (como secretário de Estado e adjunto do líder, respetivamente), receberam protagonismo parlamentar e televisivo quando de volta à Oposição, mas tiveram papel muito discreto durante as diretas.
Se olharmos para os rostos na coluna à esquerda, no entanto, torna-se notório que há mais caras ainda não cinquentenárias que trabalharam com Passos Coelho e com muita vida política pela frente.
Carlos Moedas, que também esteve no Executivo passista e por ele foi indicado para a Comissão Europeia, não desiludiu em Bruxelas, sendo reconhecido nos corredores da eurocracia.
Jorge Moreira da Silva, que foi primeiro vice-presidente de Passos Coelho, é visto como um dos inevitáveis a tentar a liderança – mesmo que não logo depois de Rio.
Miguel Pinto Luz, que liderou a distrital do PSD em Lisboa – a maior do país – e apoiou sempre Passos Coelho, quase que avançou após a sua saída e tem feito marcação cerrada a Rui Rio, afastando-o de tentações de governação junto do PS.
O favorito, especialmente depois depois das hesitações de Paulo Rangel no ano passado, é cada vez mais Luís Montenegro. Se nunca escondeu ambições de futuro mesmo quando era líder parlamentar de Passos Coelho – ainda que nunca se candidatasse contra ele –, Montenegro é o deputado com maior presença mediática na bancada do PSD, com idas semanais à televisão e à rádio e tem tropas no aparelho e no grupo parlamentar que antes chefiou.
Essas tropas e esse grupo parlamentar, todavia, são os mesmos que não foram suficientes para dar a vitória a Pedro Santana Lopes no mês passado.
Montenegro conta com muito trabalho pela frente e sabe-o. Mas vontade não lhe falta. E o distanciamento – ainda que institucionalmente solidário – a Rui Rio começa já este fim-de-semana. A entrevista de Abreu Amorim, seu ex-vice, a este jornal (página seguinte) e o modo barulhento como Hugo Soares deixou a liderança parlamentar são provas disso.
Fazer política sem estar na política?
Pedro Duarte e José Eduardo Martins, que nem sempre foram aliados e nem sempre o são, foram olhados como futuros líderes do PSD durante anos.
O sucesso profissional de ambos (o primeiro na Microsoft, o segundo como advogado) tem, inevitavelmente, afastado essa possibilidade.
Com reconhecido mérito intelectual e espaço na praça pública, este é o primeiro congresso em que as ‘alternativas jovens’ do PSD já não são assim tão jovens.
Ficarão, no futuro, satisfeitos com o papel de ideólogos, deixando a liderança para outros?
Fonte: Jornal i
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