A ministra da Saúde enganou os deputados da Assembleia da República (AR) com uma melhoria significativa do rácio de técnicos de Saúde por habitantes, que “nem são médicos nem são enfermeiros” de acordo com o Bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique. No entanto Nazira Abdula não disse que nas unidade sanitárias do Estado um médico está para mais de 12 mil moçambicanos, e que parte significativa deles trabalha também nos hospitais privados, onde vários até são sócios.
Questionada na semana passada pelos deputados Nazira Abdula afirmou que: “Em relação a perda de Recursos Humanos à favor do sector privado, o Estatuto Geral dos Funcionários e Agentes do Estado prevê no artigo 77 as licenças a que os funcionários têm direito, destacamos as licenças registadas e ilimitadas”.
“No período de 2010 – 2017, a média anual da taxa de saída por iniciativa dos funcionários no Serviço Nacional de Saúde situa-se na média de média de 0,8 por cento. Em contrapartida, são formados por ano, nas Instituições Públicas e Privadas, aproximadamente 5 mil novos profissionais de Saúde”, acrescentou a ministra da Saúde que discursando na plenária da AR precisou que “(...) em 2017, 929 habitantes estavam para 1 técnico de Saúde (correspondente a uma redução de 43,7 por cento, comparativamente a 2005)”.
O que a ministra Nazira Abdula não admitiu é que os médicos, particularmente os especialistas e os mais experientes, não migram do Serviço Nacional de Saúde para o sector privado, trabalham em ambos locais como qualquer utente pode constatar se os procurar para cuidados médicos.
Aliás alguns dos médicos moçambicanos mais reputados são até donos de muitas das 381 unidades sanitárias privadas existentes em Moçambique.
O Anuário mais recente do Instituto Nacional de Estatística indica que em 2016 existiam no nosso país 1393 médicos não especialistas moçambicanos e 53 estrangeiros. O documento contabilizou ainda 329 médicos especialistas nacionais e 376 expatriados.
Portanto há dois anos existiam 2151 médicos em Moçambique para uma população de aproximadamente 27 milhões de cidadãos, fazendo um rácio de 1 doutor para mais de 12 mil moçambicanos.
Relativamente aos milhares de “profissionais de saúde” que a ministra indicou serem formados todos ano, “são pessoas que nem são médicos nem são enfermeiros, são híbridos” revelou em entrevista ao @Verdade o Bastonário da Ordem dos Médicos de Moçambique, António Zacarias.
“O indivíduos tem a 12ª classe, fica lá mais 3 ou 4 anos e sai doutor”, notou António Zacarias que defendeu que em vez do Governo gastar dinheiro a formar milhares de profissionais de saúde “aquela parte do dinheiro deveria ser investida em médicos”.
Segundo o Anuário do Instituto Nacional de Estatística existiam em 2016 em Moçambique somente 7.660 enfermeiros e 5.517 parteiras. Os técnico de Saúde ascendiam a 15.550 profissionais.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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