Francisco pediu perdão a uma das vítimas de abuso sexual por um bispo chileno
Juan Carlos Cruz, uma vítima de abusos sexuais cometidos por um dos bispos mais destacados do Chile, recebeu do Papa Francisco uma forte manifestação de apoio em relação à sua homossexualidade. Há três meses, o líder máximo da Igreja católica Romana tinha-o acusado de mentir, mas voltou atrás, convidou-o para ficar uma semana em sua casa e pediu-lhe perdão.
Em entrevista ao jornal El País, Cruz contou que o Papa lhe disse: "Não importa que sejas gay. Deus fez-te assim e ama-te assim e eu não me importo. O Papa ama-te e tu tens de estar feliz com quem és", terá dito Francisco.
Juan Carlos Cruz contou ainda que a questão sobre a sua homossexualidade surgiu depois de alguns bispos chilenos o terem retratado como um pervertido e de o terem acusado de mentir sobre os abusos que sofreu ao longo de vários anos.
Agora com 87 anos, Fernando Karadima, o homem que abusou de Juan Carlos Cruz, foi considerado culpado de abusos sexuais pelo Vaticano em 2011.
O Papa Francisco tinha acusado Cruz de "infâmia" contra o Bispo Juan Barros, um discípulo de Karadima, que segundo o testemunho desta vítima assistira aos abusos sem o defender ou sequer os condenar.
Depois da demissão dos 34 bispos chilenos - que se viram obrigados a apresentar a renúncia após o Papa os ter acusado de encobrir e destruir provas nos casos de abuso sexual - esta declaração do Sumo Pontífice é mais uma prova da sua tolerância em relação à homossexualidade, apesar da doutrina católica considerar o sexo homossexual um pecado.
Em julho de 2013, em resposta à pergunta de um jornalista sobre a existência de um alegado "lobby gay" dentro do Vaticano, Francisco disse: "Quem sou eu para julgar?".
A Igreja do Chile "parou de olhar para o Senhor"
Nos dias 15 e 17 deste mês 34 bispos do Chile foram convocados para se reunirem com o Papa Francisco depois de uma série de erros e omissões na gestão de casos de abuso, especialmente em relação ao caso de Juan Barros, acusado de encobrir o padre Fernando Karadima.
Juan Barros, nomeado bispo em março de 2015 pelo Papa Francisco, foi acusado no Chile de encobrir os casos de abuso sexual cometidos pelo influente Fernando Karadima quando era pastor da igreja El Bosque, em Santiago.
Durante a visita àquele país, em janeiro, o Papa foi bastante criticado por considerar que as acusações contra o bispo Juan Barros eram "calúnias", uma vez que não havia "uma única prova contra ele".
Mas após a deslocação ao Chile, o Papa Francisco reconheceu "graves erros de avaliação" sobre o caso, depois de conhecer o relatório do bispo Charles J. Scicluna, enviado ao Chile para ouvir os testemunhos de 64 vítimas de abusos sexuais.
Após os encontros desta semana com os bispos chilenos,Francisco, citado pelo jornal espanhol ABC, considera que a Igreja do Chile "parou de olhar para o Senhor" e que "as consequências de todo este processo tiveram um preço muito elevado: o seu pecado tornou-se o centro da atenção".
DN
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