quinta-feira, 21 de junho de 2018

Governador do banco central admite que taxas de juro elevadas são necessárias para equilíbrios macroeconómicos que Moçambique precisa


Foto do Banco de Moçambique
Diante das taxas de juro da banca comercial, que reconheceu serem “relativamente elevadas”, o Governador do banco central pede “paciência” aos moçambicanos porque os resultados das decisões de política monetária, a taxa MIMO reduziu pela sexta vez desde Agosto de 2017, “levam o seu tempo a dar resultados”. Enquanto isso os cada vez mais ricos banqueiros, que mesmo em tempo de crise obtiveram lucros bilionários inéditos, cobram uma taxa de juro média de 28,69 por cento que Rogério Zandamela admitiu serem “necessárias para podermos ter o tipo de estabilidade e equilíbrios macroeconómicos que nós necessitamos” em Moçambique.

Reunido pela 3ª vez este ano o Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique (BM), “considerando que a perspectiva de inflação a curto prazo assim como a sua projecção de médio prazo continua a apontar para uma cifra ao redor de um dígito, e ponderando todos os riscos subjacentes o CPMO deliberou reduzir a taxa de juro de política monetária (a taxa MIMO) em 75 pontos base, para 15,75 por cento”, começou por anunciar Rogério Zandamela.

Em conferencia de imprensa, nesta segunda-feira (18), o Governador do BM assinalou que com esta decisão as taxas de juro de política já reduziram mais de 600 pontos base em relação ao pico registado em Outubro de 2016.

“Adicionalmente, avaliamos também as outras taxas (de referência), e decidimos manter a taxa da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez (FPC) em 18 por cento, reduzir a taxa da Facilidade Permanente de Depósitos (FPD) em 50 pontos base para 12 por cento e manter os coeficientes de Reservas Obrigatórias em passivos em moeda nacional e em moeda estrangeira em 14 e 22 por cento, respectivamente”, acrescentou Zandamela.

Contudo é assinalável que esta redução da taxa MIMO foi de apenas metade dos cortes anteriores, que haviam sido de 150 pontos base, o que indicia que a crise continua para durar quiçá até depois das eleições Presidenciais do próximo ano como aliás deixou nas entrelinhas o Governado do banco central.

É que o Banco de Moçambique considerou como principais desafios a nível doméstico “as incertezas quanto ao rigor das medidas de consolidação fiscal necessárias para mitigar o risco associado à sustentabilidade da dívida pública no contexto do ciclo eleitoral de 2018, que são as eleições municipais, e em 2019, as eleições presidenciais e dos governadores. O segundo desafio doméstico tem a ver com incerteza quanto à tendência dos preços dos combustíveis líquidos e outros bens e serviços administrados (tais como a água, energia, transporte semi-colectivo, portagem, taxa de lixo…)”.

Questionado sobre os riscos eleitorais, Rogério Zandamela esclareceu que: “não é nada específico com Moçambique, em todos os países que passam por ciclos eleitorais, incluindo os Estados Unidos, tomar medidas num ciclo eleitoral é complicado (...) Cada vez que há um ciclo eleitoral os investidores sempre aguardam, não sabem quem é que vai ganhar as eleições, mesmo quando é do mesmo partido não quais vão ser as prioridades da nova equipa, há sempre uma redução dos investimentos, não é nada pouco usual, quem tem dinheiro em geral são conservadores e não brincam com o seu dinheiro, não o querem perder, não tendo clareza para onde as coisas vão andar aguardam para depois decidir”.

Taxas de juro elevadas “são necessárias para podermos ter o tipo de estabilidade e equilíbrios macroeconómicos que nós necessitamos”

Relativamente as taxas de juro que os bancos comerciais teimam em manter altas, quase que ignorando os sinais de menores restrições da política monetária, o Governador do banco central declarou que: “não é fácil porque não podemos reduzir taxas com medidas administrativas, como expliquei no passado um parte da componente da taxa (de juro) tem a ver com o comportamento da taxa de política (monetária) mas também tem uma boa componente da parte do mercado”.

“Na conjuntura actual as taxas continuam elevadas, até digo relativamente elevadas, são necessárias para podermos ter o tipo de estabilidade e equilíbrios macroeconómicos que nós necessitamos, a nossa esperança é que elas continuem a cair, isso é boa notícia. Algumas caíram como a Prime Rate, que caiu mais que as taxa sobre o crédito ao retalho”, disse.

Zandamela pediu: “É preciso ter paciência porque os resultados de medidas levam o seu tempo a dar resultados mas o sinal é bom, a direcção é correcta, a intensidade podia ser melhorada”.

De acordo com o Banco de Moçambique a taxa de juro média a retalho, com prazo de um ano, registou uma redução de 3,2 pontos percentuais, para 28,69 por cento em Abril 2018, comparativamente a Dezembro último.

Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique

Nenhum comentário:

Postar um comentário