O ministro das Finanças, Mário Centeno, argumentou que Portugal está hoje “incomparavelmente melhor dotado do ponto de vista económico e financeiro” para enfrentar uma crise do que em 2008, nas finanças públicas e nas empresas e famílias
A “última” crise pela qual Portugal passou foi “uma crise única”, que Mário Centeno considerou que não deverá voltar a ser observada “nos próximos tempos, com a mesma dimensão e com as mesmas características”, até porque o país possui hoje “instrumentos” que não tinha “naquela altura”.
Centeno dirigia-se aos jovens alunos da escola de verão de assuntos europeus Summer CEmp, que ontem arrancou em Monsaraz, no concelho de Reguengos de Monsaraz (Évora), numa iniciativa da Representação da Comissão Europeia em Portugal.
“Porque é que Portugal está hoje incomparavelmente melhor dotado do ponto de vista económico e financeiro, em particular das finanças públicas, mas também das empresas e das famílias, do que estava em 2008?”, questionou o ministro.
A resposta, perante os cerca de 40 jovens universitários, muitos dos quais colocaram perguntas ao governante, veio logo de seguida, dividida em três justificações.
“A nossa posição orçamental, finalmente, atingiu o equilíbrio, ou seja, temos neste momento um défice público praticamente nulo e isso dá-nos a margem para deixar aquilo que são os efeitos automáticos que uma crise traz ao saldo orçamental sem ter de fazer medidas punitivas no momento de recessão”, afirmou.
Depois, continuou Mário Centeno, “todos os indicadores de solvabilidade das empresas estão muito melhores do que estavam em 2008” e, “apesar de a dívida continuar elevada, tem vindo a reduzir-se de forma muito significativa e está na tendência certa há tempo suficiente”.
Por último, Centeno realçou que Portugal, no contexto europeu, “está hoje totalmente alinhado com o ciclo económico europeu”.
“Este trabalho é para continuar”, garantiu, afirmando esperar que “não haja muitos leilões nas próximas semanas” e defendendo que o país tem de “olhar para as crises económicas” e preparar-se para elas, mas “não tendo pânico das crises”.
“Porque as crises financeiras têm uma tendência grande a gerar situações de pânico, com as crises económicas não há nenhuma razão” para tal, referiu, frisando que, “com as instituições” que o país, tem as crises “têm de ter uma resposta, mas não podem estar associadas ao pânico”.
Na conversa com os jovens, em que aludiu por diversas vezes ao editorial de domingo do Financial Times, jornal que diz que o exemplo português é uma esperança para a Europa, o também presidente do Eurogrupo referiu que “é muito difícil a um país fazer aquilo que Portugal tem feito nos últimos quatro anos”, com “uma redução massiva da sua dívida” e “um aumento do investimento absolutamente estrondoso”, ao mesmo tempo que se continuou a abrir ao exterior e aumentar as exportações.
E fê-lo “controlando as contas públicas e crescendo”, declarou, indicando aos jovens que a paciência é “um ingrediente que está muito poucas vezes presente nos decisores políticos”, mas que é fundamental, sobretudo para o Estado.
Lusa
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