Crioestaminal
cria terapêutica para combate ao Covid-19
A
Crioestaminal, com sede no Biocant (Cantanhede), está a desenvolver
uma terapêutica para os casos graves de Covid-19 que tem por base
células obtidas a partir do cordão umbilical. A empresa de
Cantanhede pretende fornecer doses de células mesenquimais ao SNS
assim que obtiver a autorização necessária, decisão que deve
acontecer brevemente.
A
presidente da autarquia, Helena Teodósio, visitou a sede da empresa
na semana passada para, desta forma, não só conhecer os métodos de
trabalho desenvolvidos pela empresa, como também esta nova solução
de medicamento que pode auxiliar no combate ao Covid-19.
Helena
Teodósio, depois de ter conhecido o projeto, revelado por André
Gomes, diretor executivo da Crioestaminal, elogiou a “capacidade
de adaptação da empresa, numa altura difícil para todos,
conseguindo, festa forma, ajudar também a saúde em Portugal com a
possibilidade de ter encontrado um medicamento que pode ser usado
pelo SNS”.
Todas
as semanas, a Crioestaminal recebe amostras de cordões umbilicais –
e é nessas amostras que poderá estar a chave para o desenvolvimento
de um medicamento experimental que já revelou resultados promissores
no tratamento da Covid-19. Seguindo os passos dados por laboratórios
chineses, americanos e irlandeses, a Crioestaminal começou a
cultivar células mesenquimais que podem ser administradas por via
intravenosa a doentes com níveis de infeção mais graves que são
gerados pelo contágio do vírus SARS-Cov-2. A empresa de Cantanhede
conta ter as primeiras doses prontas para ensaios clínicos no início
de junho. E está disposta a fornecer doses de células mesenquimais,
a título gratuito, para as unidades clínicas do Sistema Nacional de
Saúde (SNS) administrarem em doentes que se encontram nos cuidados
intensivos.
“Os
relatos que vêm do estrangeiro são promissores. Há casos em que o
sistema imunitário dos doentes volta ao normal em cerca de uma
semana”,
diz André Gomes, para depois fornecer mais alguns detalhes sobre os
estudos que têm vindo a ser feitos sobre os efeitos produzidos pelo
novo medicamento: “Houve
pessoas que (depois de receberem as células mesenquimais) deixaram
de usar ventilador em menos de uma semana; e outros casos em que foi
necessário mais do que uma semana para deixarem de usar os
ventiladores”.
O
desenvolvimento da nova terapêutica arrancou pouco depois de
começarem a circular as primeiras notícias que davam conta de
resultados promissores na China para o uso de células mesenquimais
no tratamento de doentes com Covid-19. Os trabalhos seguiram então
num contrarrelógio que atravessou fins de semana e feriados e que
teve por epicentro um novo laboratório da empresa cantanhedense, que
garantiu um dos raros certificados emitidos em Portugal para a
produção de medicamentos experimentais a partir de células
extraídas do corpo humano. Pelo meio, houve que suspender outros
projetos de investigação que já estavam em curso antes da pandemia
– até que a primeira prova de conceito de um novo medicamento com
células mesenquimais ficou concluída a 1 de maio.
Com
a administração de células mesenquimais, os investigadores da
Crioestaminal acreditam ser possível regular o funcionamento do
sistema imunitário – um fator que pode ser determinante na
sobrevivência dos doentes de Covid-19. André Gomes recorda que, nos
ensaios clínicos levados a cabo noutras paragens, as células
mesenquimais conseguiram evitar que o sistema imunitário humano
tenha reações exacerbadas que levam a a atacar as próprias células
do pulmão.
No
final da visita, Helena Teodósio mostrou toda a satisfação por
este projeto, uma vez que, segundo disse, “vem
de uma empresa de Cantanhede que tem sede nas instalações do
Biocant, um local de referência no que à investigação diz
respeito”.
A autarca desejou ainda que “o
SNS posso ver neste medicamento uma solução para o combate a este
vírus”.
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