Uma nova agressão policial está a gerar indignação no Brasil após a circulação de um vídeo em que um agente é visto a pressionar o seu joelho no pescoço de um jovem negro em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo.
Nas imagens, gravadas no domingo pelos moradores desse município, surge Gabriel Nunes Nonato de Sousa, de 19 anos, a cair no chão desmaiado, depois de ser imobilizado por um polícia militar que apertou o pescoço do jovem com o seu braço durante vários segundos.
Já deitado no asfalto, um dos agentes policiais ajoelhou-se e pressionou o pescoço de Gabriel novamente, mas desta vez com o joelho, numa cena semelhante à gravada por telefones de transeuntes que capturaram os quase nove minutos de agonia de George Floyd, em Minneapolis, nos Estados Unidos da América.
Os polícias envolvidos neste episódio no Brasil argumentaram que o jovem tentou fugir de uma fiscalização de rotina e que, por esse motivo, foi perseguido, dominado e detido.
Já o jovem de 19 anos apresentou uma versão diferente em entrevista à CNN Brasil, relatando que estava numa moto com um amigo quando os agentes passaram na rua em que se encontravam e embateram com as suas motocicletas da polícia contra eles.
Gabriel afirmou que saltou do veículo em que estava para não se ferir, acrescentando que foi nesse momento que a abordagem ocorreu.
O jovem revelou ainda que desmaiou três vezes e que se debateu para conseguir respirar.
A Secretaria de Segurança Pública declarou que o caso está a ser analisado e que serão adotadas as medidas necessárias.
Perante a repercussão das imagens na imprensa, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou hoje um programa para "retreinar" os polícias e prevenir casos de violência como os registados nos últimos dias naquele que é o estado mais rico e populoso do país.
O governador explicou que o programa começará em julho com o objetivo de "retreinar todo o comando", para "impedir que aquele 1% dos maus polícias, que insistem em usar violência desnecessária contra a população, entendam que isso é inaceitável".
A violência policial intensificou-se este ano no Brasil, em plena pandemia.
Segundo dados oficiais, o número de pessoas mortas pela Polícia Militar cresceu 31% na região de São Paulo entre janeiro e abril de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.
Apenas em abril, as mortes às mãos de agentes policiais em São Paulo chegaram a 119, o que representa um aumento de 53% face ao mesmo mês do ano passado (78).
No Rio de Janeiro, um dos estados mais atingidos pela violência policial, essas mortes aumentaram 43% somente em abril em relação ao mês homólogo de 2019, resultando as operações policiais em 177 mortes, segundo o Instituto de Segurança Pública.
Um dos mais recentes casos mediáticos em São Paulo foi o de um rapaz negro, de 15 anos, morto há uma semana, alegadamente por um polícia brasileiro que está atualmente preso.
A morte deste adolescente, com dois tiros na cabeça, em 14 de junho no município de Diadema, causou protestos em Vila Clara, um bairro vizinho da cidade onde o suposto assassinato ocorreu.
Na noite de segunda-feira passada, os protestos levaram a tumultos com a polícia e sete autocarros de transporte público foram incendiados.
Durante os protestos, pelo menos três vídeos foram gravados nos quais surgiram agentes policiais a agredir fisicamente cidadãos.
Fonte: Lusa
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