15 set, 2020 - 17:19 • Lusa
Em maio, o IPST anunciou o arranque da recolha de plasma sanguíneo de doentes recuperados para ensaios clínicos sobre a prática experimental.
Cerca de 700 potenciais dadores estavam inscritos, a 28 de agosto, no programa nacional de transfusão de plasma sanguíneo convalescente, para tratar doentes com Covid-19, indicou o Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST) esta terça-feira.
Numa resposta à Lusa sobre o ponto de situação dos ensaios clínicos com plasma de doentes covid-19 recuperados, o IPST referiu que, na referida data, "o número de potenciais dadores inscritos era de 692".
O registo de dadores é feito voluntariamente pelos interessados, através do site oficial do IPST.
Segundo o instituto, 478 dos 692 inscritos "já tinham sido contactados" por um médico, para efeitos de seleção. Desses, 201 forneceram amostras que foram enviadas para o Instituto de Medicina Molecular (IMM) João Lobo Antunes da Universidade de Lisboa, para serem determinados os níveis de anticorpos neutralizadores do novo coronavírus.
Um estudo coordenado pelo IMM, que vai ser apresentado, na sexta-feira, a peritos da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas ainda não foi revisto por pares, adiantou que anticorpos contra o vírus SA
RS-CoV-2 permanecem no corpo até cinco meses após a infeção.
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O grupo de trabalho para desenvolver a proposta do Programa Nacional de Transfusão de Plasma Convalescente Covid-19 foi constituído em maio. O relatório com a sugestão de medidas - quanto ao "recrutamento de dadores, análise e quantificação de anticorpos neutralizantes virais, ensaio clínico multicêntrico para doentes graves, abordagem posterior para doentes moderados e protocolo para uso compassivo" - foi apresentando à tutela a 17 de junho.
Na resposta à Lusa, o IPST adiantou que, a 21 de julho, foi criado um grupo de peritos que "acompanha tecnicamente a organização e o desenvolvimento do processo de investigação clínica, a realizar nos termos da lei de investigação clínica".
"Este grupo de trabalho já iniciou a sua atividade, estando em curso, neste momento, a instrução e desenvolvimento de todo o processo para submissão a Comissão de Ética competente", assinala o instituto, sem estimar uma data para o início de ensaios clínicos com plasma sanguíneo convalescente.
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O tratamento com plasma sanguíneo de doentes recuperados, recomendado pela OMS, tem sido aplicado em vários países a outros pacientes, em situações muito específicas e graves, em que as defesas do corpo (sistema imunitário) estão muito debilitadas. Contudo, não é isento de riscos, como a intolerância, segundo especialistas.
"De acordo com a evidência [prova] científica existente até ao momento, esta terapêutica experimental parece ser segura e apresentar sinais de eficácia. Embora promissora, as evidências [provas] acerca da eficácia da terapêutica são ainda limitadas, sendo necessário continuar a reunir informação através de estudos bem fundamentados", adverte o IPST.
Em agosto, a empresa biotecnológica polaca Biomed anunciou o lançamento da primeira fase de produção de um medicamento experimental contra a covid-19 à base de plasma sanguíneo de mineiros que recuperaram da doença respiratória.
O plasma é um dos componentes do sangue e contém anticorpos, glicoproteínas produzidas por células do sistema imunitário em resposta a um antigénio, como uma bactéria ou um vírus como o SARS-CoV-2, com o qual reage, causando o seu enfraquecimento ou destruição.
A transfusão de anticorpos contra o novo coronavírus de pessoas que recuperaram da infeção parece induzir um efeito antiviral em doentes com covid-19, complementando a sua resposta imunitária.
Fonte: RR
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