quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Investigador da Universidade de Coimbra ganha bolsa ERC de 2,8 milhões

 

Mahmoud Tavakoli, diretor do Laboratório de “Soft and Printed Microelectronics” do Instituto de Sistemas e Robótica (ISR) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), acaba de conquistar um financiamento de 2,8 milhões de euros do

European Research Council (ERC) para um período de cinco anos.

A bolsa ERC Consolidator vai ser aplicada no projeto “Liquid3D - Eletrónica de matéria macia (soft-matter) bioinspirada impressa em 3D com base em compostos de metal líquido: ecológico, resiliente, reciclável e reparável”, que já está em curso e que visa fornecer liberdade de design aos cientistas, permitindo-lhes imprimir circuitos eletrónicos futuristas.

«A ideia é fazer uma transição da eletrónica rígida, quebradiça, poluente e dependentes de bateria para a eletrónica macia, resiliente, reciclável e autoalimentada. Neste contexto, o projeto Liquid3D desenvolverá uma série de compósitos imprimíveis sem sinterização inovadores baseados em metais líquidos, a fim de imprimir células funcionais em 3D para deteção, atuação, processamento e armazenamento de energia que estão emaranhados num sistema distribuído e de modo tridimensional», explica o investigador da FCTUC.

De acordo com Mahmoud Tavakoli, «o mais impressionante sobre estes sistemas é que permitirão um novo nível de bioinspiração em dispositivos produzidos pelo homem, o que ainda não é possível». Este projeto pretende ainda desenvolver compreensão fundamental e robótica leve de compósitos bifásicos baseados em metal líquido e métodos para reciclar os compósitos desenvolvidos.

«Os projetos ERC financiam ciência fundamental de alto risco e alto ganho. O meu objetivo é redefinir a eletrónica e a robótica», assume o investigador, concluindo que prevê «uma mudança fundamental nos materiais usados na eletrónica e na robótica e na maneira como serão feitos. Estamos a falar sobre uma série de materiais macios e autorrecuperáveis que podem ser impressos juntos, e também algum nível de bioinspiração nunca antes visto. Isso deve-se a uma variedade de novos materiais imprimíveis e tecnologias de impressão que permitiriam imprimir sensores, atuadores, baterias e circuitos eletrónicos lado a lado, semelhante ao que vemos na biologia
».


O Liquid3D teve início este mês de janeiro e, com o financiamento agora obtido, vai permitir implementar três novos laboratórios na FCTUC, nomeadamente o Laboratório de Materiais Eletrónicos Impressos, que se destina a desenvolver novos materiais para a próxima geração de eletrónica e robótica; o Laboratório de Fabricação Digital, que pretende criar e validar tecnologias para fabricação aditiva dos materiais desenvolvidos; e o Laboratório de Microciência e Caracterização, no qual serão caracterizadas as propriedades elétricas, mecânicas e óticas dos materiais e sistemas produzidos .

A investigação de Mahmoud Tavakoli tem sido desenvolvida com o apoio do Programa Carnegie Mellon Portugal (CMU Portugal), onde está envolvido em diversos projetos de investigação nas áreas da eletrónica vestível, dispositivos eletrónicos flexíveis, produção de circuitos elásticos e têxteis eletrónicos para monitorização em saúde e biomarcadores digitais, entre outros. Esta participação tem permitido o contributo na sua investigação de equipas do “Soft Machines Lab”, um Laboratório da Carnegie Mellon University (CMU) especializado neste setor.

Sara Machado
Assessora de Imprensa
Universidade de Coimbra• Faculdade de Ciências e Tecnologia


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