sábado, 2 de janeiro de 2016

O dia que não desejamos


Escrever um texto sobre a dádiva de sangue é nos dias de hoje um risco evidente. Tão evidente que se torna interessante. Nos últimos meses temos assistido a um decréscimo do número de dadores e consequentemente no número de dádivas. Mas também, nestes últimos meses, vamos assistindo há habitual entrada de doentes nas urgências dos hospitais que por acidente, maleita nova ou antiga, necessitam de sangue como um componente essencial na esperança da cura. Invariavelmente, as necessidades de sangue e componentes mantêm-se e não diminuem; as doenças e as urgências não acompanham a escassez no número de dádivas.

Ainda não chegamos a um ponto crítico, ou seja, o momento em que alguém morre por falta de sangue. Nesse dia que não se deseja, uma vida será perdida. Nesse dia, a máxima dar sangue é dar vida, fará mais sentido do que nunca. Nesse dia a culpa será de todos e a vítima o elo mais fraco. Esse dia não pode acontecer.

Devemos pois, focalizar as acções na actividade da promoção da dádiva de sangue. Não podemos continuar a assistir a discussões estéreis entre as organizações que promovem a dádiva de sangue. Não podemos continuar a assistir a um jogo do fundo do court até que um ceda por exaustão.

Se existe uma actividade na área da saúde em que nos podemos orgulhar, é-o de facto a medicina transfusional. Devemos fazer o necessário, com paciência e astúcia para que assim continue.

Quem dá vida e sempre deu, não vai abandonar a causa. Isso é um dado adquirido.
Veremos as acções dos responsáveis oficiais. Veremos se o tal dia não acontece.

João Almeida Martins
Sector da dádiva de sangue
Serviço de Imumohemoterapia

Hospital S. João

* É do máximo interesse recordarmos o passado, para extrairmos dele o melhor aproveitamento.
Datas e locais onde pode efectuar a sua dádiva de sangue em Aveiro: www.adasca.pt

Nenhum comentário:

Postar um comentário