sexta-feira, 22 de abril de 2016

Angola. QUADROS E COMPETÊNCIAS

ornal de Angola, editorial

Assistiu-se desde que alcançámos a paz a um desenvolvimento significativo do ensino  superior, tendo-se registado um aumento considerável do número de alunos que se formaram em várias especialidades.
Não pode passar despercebido o facto de muitas províncias do país terem hoje  instituições  de ensino superior, o que vai certamente impulsionar o desenvolvimento  económico e social  de várias regiões de Angola. Foi acertado o facto de se ter decidido instalar universidades em  diferentes regiões do país, o que faz com que  haja muitos quadros em todo o território nacional, contribuindo para a diminuição das assimetrias entre  as diferentes províncias. Angola é um país com imensas  potencialidades, fazendo sentido que haja por parte das autoridades preocupações em relação  à educação. 

Um país como o nosso, que tem a pretensão  de atingir o desenvolvimento, não deve  deixar de prestar especial atenção ao sistema de ensino, do básico ao superior. Muitos foram os investimentos realizados na construção de novas instituições de ensino, o que tem permitido que muitos milhares de angolanos tenham acesso ao ensino médio e superior. Províncias que nunca tinham tido escolas superiores têm hoje universidades   com  cursos diversos, fazendo com que  muitos jovens possam estudar nas regiões em que vivem, sem necessidade de se deslocarem a Luanda para fazer, por exemplo, uma licenciatura, como era o caso há vários anos. Há  um aumento do número  de jovens  formados em universidades instaladas em várias províncias, uma realidade que deve suscitar a procura de vias que levem à absorção pelo mercado de trabalho de  muita gente que fez cursos superiores.

Sabe-se que um dos nossos grandes problemas é a falta de emprego para muitos jovens  que acabam os seus cursos  em escolas médias ou em universidades, por várias razões. Uma delas é o número reduzido de entidades empregadoras em diversas regiões, o que faz com que haja  poucos postos de trabalho para a grande procura de emprego. 

A grande esperança de se reverter este quadro é  o processo de diversificação da economia, que pode gerar o surgimento de muitas empresas em todo o país. Sabe-se que  a diversificação vai implicar uma intensa actividade produtiva em várias áreas e acredita-se que  este facto venha a  permitir que  muitos  jovens formados  consigam  emprego.

A diversificação da economia  pode  ser pois  uma via para a absorção de quadros formados  nas diferentes províncias do país. É entretanto importante que os jovens quadros recém-formados aumentem  cada vez mais as suas competências, pois, nos dias de hoje, muitas empresas são demasiado exigentes. As empresas existem para maximizar lucros, e elas não recrutam quadros por caridade. As unidades produtivas  querem ganhar dinheiro, pelo que recrutam  os melhores quadros que há no mercado de trabalho.  

É bom que os quadros recém-formados  tenham consciência da dinâmica e dos interesses empresariais, e  tudo façam para que os seus conhecimentos estejam à altura de satisfazer as exigências das unidades produtivas. Os quadros recém- formados não devem parar de aumentar as suas competências  profissionais. Devem continuar a aprender, quer por via de mais cursos, quer pelo contacto com quadros experimentados.  Que os jovens quadros  não   adormeçam nas suas licenciaturas, convencidos, como muitas vezes acontece, de que sabem já tudo e que não precisam de aprender mais nada.  Sejamos como Sócrates, filósofo grego, que proferiu  esta célebre frase: “Eu só sei que nada sei”. 

Mais de duzentos licenciados em  diferentes especialidades pela Universidade Lueji a Nkonde (Malanje) receberam recentemente os seus diplomas. Malanje, terra da Palanca Negra Gigante,  está a ser conhecida também pelo número de quadros médios e superiores que forma em vários domínios. É uma boa notícia o facto de  a província de Malanje, com potencialidades, e que oferece várias oportunidades de negócios, estar  a proporcionar ao mercado de trabalho quadros superiores.

Que os novos quadros formados em Malanje se preparem para dar a sua contribuição  ao crescimento e ao desenvolvimento do país,  pondo ao serviço da Nação todo o seu saber, para que tenhamos um país sem pobreza e com  muita prosperidade.

Os quadros superiores são cidadãos que, pelas suas competências, têm o dever também  de trabalhar no sentido de as comunidades terem uma boa qualidade de vida. O  conhecimento gera boas condições de vida. Depois das licenciaturas, os  recém -formados iniciam uma era que se traduz em  resolver os problemas da sociedade. Trata-se de tarefa complexa, pelo que não devem  abdicar do estudo permanente.  

Como afirmou Adão do Nascimento, ministro do Ensino Superior, dirigindo-se  aos  recém- licenciados da Universidade Lueji a Nkonde, “uma das melhores competências  que vai entrar em prova  a cada dia, a cada instante, a cada segundo, é comprovar, mesmo sem júri, que merecem ter este diploma, que têm as competências que traduzem o grau académico que ostentam”.

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