A Liga Guineense dos Direitos Humanos criticou hoje a presença de soldados armados nalgumas ruas de Bissau e, ainda, o facto de estarem a impedir a livre circulação da população.
As restrições foram impostas desde a noite de quinta-feira, depois de algumas dezenas de pessoas terem protestado contra a decisão do Presidente da República, José Mário Vaz, de nomear um novo primeiro-ministro, Baciro Djá.
Os manifestantes juntaram-se à porta do PAIGC e atiraram pedras contra o Palácio Presidencial e queimaram pneus nas imediações, levando à evacuação de toda a área em redor da presidência.
Em conferência de imprensa, Augusto da Silva, presidente da organização, pede ao chefe de Estado guineense, José Mário Vaz, e à chefia das Forças Armadas, que suspendam o patrulhamento por militares.
Para a Liga Guineense dos Direitos Humanos "nada justifica" a presença nas ruas, uma vez que o país "não se encontra em estado de sítio ou de emergência", disse Augusto da Silva, dirigindo-se especificamente ao Presidente do país para lhe lembrar que qualquer ação do Estado deve ser enquadrada na lei.
"Não é esse o papel das Forças Armadas, a sua função é de assegurar a integridade territorial", observou o presidente da Liga, criticando a "exibição pública" de força como tentativa de "amedrontar os cidadãos", o que, disse, a sua organização não pode permitir.
Augusto da Silva alertou, também, para o "sequestro de militantes" do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que estiveram impedidos de sair da sua sede entre quinta e sexta-feira.
A Lusa constatou que a circulação de pessoas e viaturas já é permitida em redor da Presidência.
O presidente da Liga criticou igualmente o facto de os membros do Governo demitido no dia 12 terem ocupado a sede do executivo desde quinta-feira.
Para a Liga, tal facto "é contrário à lei" por ser uma "tentativa de impedimento de funcionamento de um órgão de soberania".
MB // JLG – Lusa
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