domingo, 22 de maio de 2016

O português de 51 anos que dá cartas na venda online de voos em França

Gosta de poker e gosta da liberdade. Carlos da Silva foi para França aos 17 anos à procura de uma oportunidade para ganhar dinheiro. Começou numa agência de viagens e tornou-se, três décadas depois, num dos principais nomes do turismo digital no país.

O lançamento de uma empresa "é como uma partida de poker" para Carlos da Silva, um português de 51 anos que conquistou o mercado francês de venda de bilhetes de avião pela internet. "Gosto muito de jogar poker e há mais de 30 anos que jogo todas as semanas ao poker. Ser empreendedor é um bocado isso, é gostar da liberdade. Lançar uma empresa é como uma partida de poker, há muita incógnita", descreveu Carlos da Silva à Lusa.

Da paixão pelo poker à conquista do turismo digital em França, o empresário tem um percurso marcado pela criação de "start-up", apesar de ter começado a carreira como autodidata. Em abril, foi ao parlamento francês receber o prémio "Victoires des Autodidactes" que distingue os empreendedores autodidatas, meses depois de ter lançado uma nova empresa chamada "Misterfly" que já conquistou o prémio "Travel d'Or 2016".

Com a nova empresa, Carlos da Silva quer suplantar as concorrentes que já dirigiu, nomeadamente a Go Voyages, líder do mercado francês de vendas de voos online. "Há cinco anos deixei o mundo do turismo e reparei que durante esse tempo não apareceu nada de novo no que toca à venda de bilhetes de avião. Como dei a volta ao mundo nessa altura, tive várias ideias de serviços novos para os clientes", explicou o empresário nascido em Tomar.

A Misterfly foi lançada há um ano e apresenta inovações no mercado do turismo online, como o pagamento por prestações, o seguro de anulação, um dispositivo de internet móvel para levar na bagagem e a procura das datas de voo mais baratas.

Para Carlos da Silva, a aventura no turismo online começou aos 17 anos quando decidiu regressar a França, onde viviam os pais e onde também viveu dos quatro aos oito anos. O jovem fez a viagem "sem avisar os pais para eles não dizerem que não" mas, meses depois, estes regressaram a Portugal enquanto Carlos da Silva optou por ficar no país adotivo.

"Parei os estudos muito cedo. Os meus pais não me podiam ajudar financeiramente e tinha de encontrar obrigatoriamente maneira de ganhar dinheiro. Fiz tudo o que pude para encontrar trabalho e fui ver várias lojas de todo o estilo, desde as que vendiam sapatos, ao padeiro, mas foi na agência de viagens Go Voyages que me deram a oportunidade de fazer um teste durante uma semana", contou.

Foi aí que aprendeu "tudo sobre as agências de viagens" mas, sete anos depois, saiu da empresa para fundar uma outra, a Look Voyages, comprando, em 1997, a Go Voyages por 100 mil euros e convertendo-a na líder do mercado em França. "Na realidade, comprei a marca Go Voyages por menos de 150 mil euros. Esse foi o dinheiro que pedi a um amigo e que me serviu para criar uma nova sociedade. Mais ou menos 100 mil euros serviram para comprar a marca Go Voyages e o resto foi para as primeiras despesas", descreveu.

Em 2011, quando a empresa "fazia mais de um milhão de volume de negócios", Carlos da Silva aliou-se à eDreams "que fazia mais ou menos o mesmo volume" e ambas compraram a Opodo, dando origem ao Odigeo, "primeiro grupo mundial de venda de bilhetes de avião na internet".

Pouco tempo depois, o empresário solta novamente as amarras e decide dar a volta ao mundo com a família, o que o inspirou a instalar-se em Lisboa, apesar de continuar a trabalhar em Paris. "É uma experiência bastante fantástica porque traz muitas vantagens e a primeira é para a família porque esta experiência de nova vida dá um bocado de magia e a nível profissional permite-me trabalhar de maneira mais calma em Portugal, porque em Paris não há tempo para fazer trabalhos que necessitam de muito mais tempo", disse.


Fonte: Lusa

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