Gosta de poker e gosta da liberdade.
Carlos da Silva foi para França aos 17 anos à procura de uma oportunidade para
ganhar dinheiro. Começou numa agência de viagens e tornou-se, três décadas
depois, num dos principais nomes do turismo digital no país.
O lançamento de uma empresa "é como
uma partida de poker" para Carlos da Silva, um português de 51 anos que
conquistou o mercado francês de venda de bilhetes de avião pela internet.
"Gosto muito de jogar poker e há mais de 30 anos que jogo todas as semanas
ao poker. Ser empreendedor é um bocado isso, é gostar da liberdade. Lançar uma
empresa é como uma partida de poker, há muita incógnita", descreveu Carlos
da Silva à Lusa.
Da paixão pelo poker à conquista do
turismo digital em França, o empresário tem um percurso marcado pela criação de
"start-up", apesar de ter começado a carreira como autodidata. Em
abril, foi ao parlamento francês receber o prémio "Victoires des
Autodidactes" que distingue os empreendedores autodidatas, meses depois de
ter lançado uma nova empresa chamada "Misterfly" que já conquistou o
prémio "Travel d'Or 2016".
Com a nova empresa, Carlos da Silva quer
suplantar as concorrentes que já dirigiu, nomeadamente a Go Voyages, líder do
mercado francês de vendas de voos online. "Há cinco anos deixei o mundo do
turismo e reparei que durante esse tempo não apareceu nada de novo no que toca
à venda de bilhetes de avião. Como dei a volta ao mundo nessa altura, tive
várias ideias de serviços novos para os clientes", explicou o empresário
nascido em Tomar.
A Misterfly foi lançada há um ano e
apresenta inovações no mercado do turismo online, como o pagamento por
prestações, o seguro de anulação, um dispositivo de internet móvel para levar
na bagagem e a procura das datas de voo mais baratas.
Para Carlos da Silva, a aventura no
turismo online começou aos 17 anos quando decidiu regressar a França, onde
viviam os pais e onde também viveu dos quatro aos oito anos. O jovem fez a
viagem "sem avisar os pais para eles não dizerem que não" mas, meses depois,
estes regressaram a Portugal enquanto Carlos da Silva optou por ficar no país
adotivo.
"Parei os estudos muito cedo. Os
meus pais não me podiam ajudar financeiramente e tinha de encontrar
obrigatoriamente maneira de ganhar dinheiro. Fiz tudo o que pude para encontrar
trabalho e fui ver várias lojas de todo o estilo, desde as que vendiam sapatos,
ao padeiro, mas foi na agência de viagens Go Voyages que me deram a
oportunidade de fazer um teste durante uma semana", contou.
Foi aí que aprendeu "tudo sobre as
agências de viagens" mas, sete anos depois, saiu da empresa para fundar
uma outra, a Look Voyages, comprando, em 1997, a Go Voyages por 100 mil euros e
convertendo-a na líder do mercado em França. "Na realidade, comprei a
marca Go Voyages por menos de 150 mil euros. Esse foi o dinheiro que pedi a um
amigo e que me serviu para criar uma nova sociedade. Mais ou menos 100 mil
euros serviram para comprar a marca Go Voyages e o resto foi para as primeiras
despesas", descreveu.
Em 2011, quando a empresa "fazia
mais de um milhão de volume de negócios", Carlos da Silva aliou-se à
eDreams "que fazia mais ou menos o mesmo volume" e ambas compraram a
Opodo, dando origem ao Odigeo, "primeiro grupo mundial de venda de
bilhetes de avião na internet".
Pouco tempo depois, o empresário solta
novamente as amarras e decide dar a volta ao mundo com a família, o que o
inspirou a instalar-se em Lisboa, apesar de continuar a trabalhar em Paris.
"É uma experiência bastante fantástica porque traz muitas vantagens e a
primeira é para a família porque esta experiência de nova vida dá um bocado de
magia e a nível profissional permite-me trabalhar de maneira mais calma em
Portugal, porque em Paris não há tempo para fazer trabalhos que necessitam de
muito mais tempo", disse.
Fonte: Lusa
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