O
Ministério das Finanças reafirmou hoje o seu compromisso em implementar
"de forma rigorosa" o Orçamento do Estado (OE) para 2016, depois dos
alertas da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu (BCE) à economia
portuguesa.
As
instituições internacionais alertaram na quarta-feira, num comunicado no âmbito
da quarta missão de avaliação após o programa de resgate a Portugal, que
ocorreu entre 14 e 22 de junho, que o abrandamento económico e as políticas
decididas pelo Governo constituem riscos que podem dificultar os objetivos de
redução do défice orçamental deste ano.
Em
comunicado, o gabinete do Ministério das Finanças lembrou que "a missão
serviu para debater em maior detalhe as reformas estruturais que já estão a ser
implementadas e as previstas até ao horizonte de 2020".
"Estas
reformas irão fomentar a competitividade da economia portuguesa e promover um
crescimento sustentado e inclusivo", refere.
O
Governo diz assim tomar "nota dos pontos levantados pelas instituições
internacionais".
No
que respeita às perspetivas orçamentais, o Governo remete para os dados
conhecidos da execução orçamental e "reafirma, ainda, o seu compromisso em
continuar a implementar de forma rigorosa o Orçamentado aprovado na Assembleia
da República".
"Tal
execução permitirá que Portugal alcance um défice claramente compatível com as
regras europeias e, dessa forma, saia do procedimento por défices
excessivos", lê-se ainda no comunicado.
As
missões a cargo da Comissão Europeia, do BCE, do Mecanismo Europeu de
Estabilidade e do Fundo Monetário Internacional ocorrerão regularmente até que
Portugal salde uma parte significativa dos empréstimos recebidos no âmbito do
Programa de Ajustamento Económico e Financeiro, que terminou em 2014.
Este
mecanismo de acompanhamento traduz-se numa série de consultas técnicas.
O
Governo estima que o défice orçamental desça para 2,2% do Produto Interno Bruto
(PIB) este ano e Bruxelas e Frankfurt admitem que "os dados em contas
públicas admitem que a execução orçamental está no caminho certo entre janeiro
e abril", mas alertam que "permanecem incertezas significativas para
o resto do ano".
Esses
riscos são "principalmente internos e estão relacionados com a adequação
das medidas políticas domésticas", ou seja, decididas pelo Governo,
afirmou a Comissão Europeia e o BCE.
Nesse
sentido, defendem, "a continuação das reformas de gestão das finanças
públicas e uma revisão exaustiva da despesa pública são importantes para
controlar a despesa e conter os riscos orçamentais".
A
missão projeta um défice perto dos 3% do PIB e afirma que o ajustamento
estrutural subjacente "reflete um esforço de consolidação
insuficiente".
Destacando
que o Governo comprometeu-se a cumprir as regras orçamentais europeias, as
entidades afirmam que "para cumprir esse objetivo, o esforço para reduzir
o défice orçamental estrutural deve ser intensificado".
Também
no que diz respeito à dívida pública, as entidades europeias afirmam que, para
garantir uma trajetória descendente, continuam a ser necessários mais esforços
de consolidação.
Bruxelas
e Frankfurt admitem que a atividade económica deve "recuperar" nos
próximos meses, suportada no crescimento do consumo privado (ao mesmo tempo que
as exportações devem continuar a contribuir negativamente), devido as medidas
políticas de devolução de rendimentos.
No
entanto, afirmam, estas medidas não vão produzir "efeitos no longo
prazo" e, por isso, o consumo privado deverá abrandar "novamente em
2017".
Entre
as medidas criticadas volta a estar o aumento do salário mínimo, com a Comissão
e o BCE a defenderem que a medida tem de ser "monitorizada cuidadosamente,
sobretudo no que diz respeito à empregabilidade dos trabalhadores com pouca
formação e na estrutural geral de salários".
As
duas entidades defendem que as reformas laborais que foram tomadas durante o
programa de ajustamento "devem ser preservadas" e frisaram os
impactos na competitividade e os "potenciais custos orçamentais" da
reversão de privatizações e das concessões dos transportes públicos.
Sobre
a banca, a missão afirma apenas que a consolidação do setor bancário
"ainda está por alcançar, uma vez que os altos níveis de exposição ao
malparado continuam a pesar negativamente no capital e produtibilidade dos
bancos".
"Embora
uma série de medidas políticas tenham sido tomadas nos últimos anos destinadas
a diminuir o endividamento empresarial, ainda é necessária uma abordagem mais
ambiciosa para reestruturar" o malparado das empresas, que poderia
"melhorar as condições para produzir investimento e aumentar a resiliência
do sistema bancário como um todo", consideram.
Fonte:
Lusa
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