O Museu do Vidro, situado
no Paláco Stephens, na Marinha Grande, inaugura a exposição “Olinda Colaço, a
arte de pintar o vidro”, no dia 9 de julho (sábado), pelas 16h00. A entrada é
livre.
Com uma carreira de cerca de 30 anos na arte de pintar o vidro, Olinda Colaço é uma das mais notáveis pintoras de vidro em Portugal. A exposição “Olinda Colaço, a arte de pintar o vidro” apresenta um conjunto de obras que pretendem retratar o percurso da artista ao longo de quase três décadas de saber e de talento na arte de pintar o vidro.
A exposição pode ser visitada no Museu do Vidro até 27 de fevereiro de 2017, de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.
Na pintura em vidro “não há segunda oportunidade”
Maria Olinda Gomes Roldão Colaço, conhecida como Olinda Colaço, é uma artista exímia na pintura em vidro, cujo trabalho esteve patente em várias exposições nacionais e internacionais.
Filha de Tomás de Oliveira Roldão, funcionário público, e de Zulmira da Conceição Gomes Roldão, doméstica, Olinda nasceu na Marinha Grande em 1945 e desde cedo deixou-se cativar pelo desenho.
Na Escola Industrial foi aluna dos professores Calazans Duarte e Nery Capucho. Talvez tenha herdado a sua mestria do pai, que tinha grande talento para a pintura e chegou a elaborar o catálogo da fábrica Angolana em aguarela.
Olinda tirou o curso de Formação Feminina com 19 anos, no qual adquiriu muita prática a desenho, cujo talento foi reconhecido por Nery Capucho que a incentivou a ingressar na Escola de Belas Artes. Tal não aconteceu porque o pai não autorizou, mas Olinda não se arrepende: o seu percurso artístico não sofreu influência de ninguém, as suas opções foram livres e sem quaisquer condicionalismos.
O seu sonho era a escultura mas optou pela pintura por ser a que lhe dava mais garantias de futuro. Integrou o grupo de trabalho da “Gisarte”, uma fábrica de decalcomanias, onde trabalhou três anos. Criou uma série de desenhos dos jogadores de futebol do Sporting e do Benfica e obteve a exclusividade dos desenhos para o programa televisivo “Carrossel Mágico”.
Em 1966, com 21 anos, conseguiu autorização da Disney para realizar a título exclusivo todos os desenhos da história da Branca de Neve e os Sete Anões. Nesse ano, a pedido da Câmara Municipal de Leiria, elaborou o primeiro pergaminho para o Vaticano. Dois anos depois sucederam-se outros dois pergaminhos, pedidos pelas autarquias de Marinha Grande e Leiria.
Trabalhou na empresa José Rolando Gomes da Silva – Roland Decal até 1981, onde chefiou as secções de desenho, fotografia e serigrafia, e foi desenhadora criadora, autora de centenas de autocolantes sobre o 25 de Abril de 1974. Paralelamente elaborou o primeiro catálogo a cores para a Fábrica-Escola Irmãos Stephens.
Incentivada pelo marido a prosseguir a sua arte, decidiu dedicar-se inteiramente às artes plásticas em 1980. O talento outrora escondido revelou-se nas diversas exposições que participou. Desde 1973, ano da primeira exposição realizada em Leiria, no âmbito da inauguração da Galeria Capitel, Olinda Colaço sente o reconhecimento público pelo seu trabalho, impregnado de emoção e ternura nos motivos que adota para as suas peças. A versatilidade de técnicas também é notória, desde pintura a óleo, a aguarela, em vidro ou aplicação em biscuit, assume cada peça como “uma experiência constante”.
Teve sempre um fascínio muito grande em pintar o vidro porque não há segunda oportunidade, “não há retoques”, em caso de erro há que apagar e fazer de novo.
Começou este desafio em 1980 com a criação de uma linha de peças em vidro de cor, pois além de realçar a pintura a cor condiciona o motivo a pintar. Nesse ano realizou a sua primeira exposição exclusivamente com peças em vidro, no Salão Nobre da Câmara Municipal da Marinha Grande.
Chamou a si a responsabilidade pelo desenho das peças em vidro e dos respetivos moldes, sendo as mesmas produzidas na fábrica Ivima exclusivamente para si, e nas quais criou um estilo único de decoração no vidro a fogo - são mais de 10 mil as peças pintadas e que estão espalhadas pelo país e pelo estrangeiro. Por motivos de saúde teve de abandonar este tipo de pintura mas nem por isso deixou de trabalhar, abraçando novas experiências artísticas.
Entre 2002 e 2010 foi formadora na área da pintura em vidro, no Crisform, e em 2006 foi alvo de homenagem pela Câmara Municipal da Marinha Grande, na 6ª Bienal de Artes Plásticas, como reconhecimento pela sua carreira.
Valoriza a troca de experiência, a aprendizagem e partilha de técnicas, que lhe permite evoluir artisticamente e produzir peças únicas e de qualidade ao longo de quase meio século de inspiração e talento.
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