Investigadores da Índia descobriram que a substância parecida com leite produzida pela barataDiploptera punctata é altamente rica em proteína, gordura e açúcar.
Para os cientistas do Instituto de Biologia de Células Estaminais e Medicina Regenerativa da Índia, este pode ser o superalimento que precisamos para alimentar a população mundial no futuro. Quatro vezes mais nutritivo que o leite de vaca, o “leite” de barata pode tornar-se um produto fundamental para alimentar a crescente população do planeta.
“Se gosta de comida rica em calorias e de uma digestão gradual e completa, então esta é a opção”, assegura o coordenador do estudo, Subramanian Ramaswamy, ao Washington Post.
Quando ingerido pelo filhote de barata, o leite adquire no sistema digestivo a forma de cristais de proteína, que “são importantes para o crescimento e desenvolvimento dos bebés baratas”, explica Leonard Chavas, um dos cientistas por trás da pesquisa publicada na IUCrJ, a revista científica da International Union of Crystallography.
Os cientistas examinaram a espécie Diploptera punctata, o único tipo de barata conhecido por ser vivíparo, ou seja, em vez de pôr ovos o embrião desenvolve-se dentro do corpo da mãe.
Antes do nascimento, esta espécie de barata mantém os seus embriões bem nutridos com um líquido rico em proteína, que depois de ingerido transforma-se em cristais. Os investigadores extraíram um desses cristais de um embrião para saber mais sobre seu potencial nutritivo, fazendo-lhe testes como o sequenciamento do genoma.
O estudo revelou que os cristais têm três vezes mais energia que o equivalente em massa do leite de búfalo, e quatro vezes a quantidade de energia do leite de vaca.
“É o que qualquer um precisa: proteínas, gorduras e açúcar. As sequências de proteínas têm todos os aminoácidos essenciais”, explica Sanchari Banerjee, autor principal do estudo. Esta quantidade enorme de energia faz com que estes filhotes de barata cresçam muito mais do que as outras espécies.
Apesar da cristalização do líquido parecer surpreendente, outras substâncias como a insulina adquirem o formato de cristal no nosso corpo, para facilitar o armazenamento, e por isso o leite da barata tem potencial para o consumo humano, dizem os investigadores.
Para a pesquisa, os cristais foram extraídos diretamente do sistema digestivo dos embriões, mas a equipa pretende recriar a substância em laboratório, já que não é possível ordenhar uma barata.
Assim, é necessário agora compreender os mecanismos químicos e biológicos do processo. “Por enquanto, estamos a tentar compreender como controlar o fenómeno de forma mais simples, para que a produção em massa seja possível“, aponta Leonard Chavas.
O investigador conta que perdeu uma aposta com os seus colegas e que teve que provar o leite de barata uma vez. “Não tem um sabor específico“, descreve, e admite que a ideia de tomar um gelado feito desse leite até parece boa – imagina-o a saber a mel.
Comentário: onde é que a ciência já vai... no leite da barata!
J. Carlos
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