A
Associação ZERO identificou as instalações que mais contaminam o ar e a água de
Portugal. Os dados são relativos a 2014, mas só agora foram divulgados.
A
Central Termoelétrica de Sines é a unidade que mais polui o ar em Portugal,
enquanto a poluição dos recursos hídricos é liderada pela estação de tratamento
de águas residuais de Matosinhos, segundo a Zero.
A
Associação Sistema Terrestre Sustentável - Zero analisou os dados reunidos pela
Agência Europeia do Ambiente (EEA na sigla em inglês) para as instalações em
Portugal e fez dois 'rankings'.
Nas
emissões atmosféricas, a lista tinha 280 instalações e um total de 29
poluentes, e no meio aquático, foram avaliados dados de 56 instalações para 27
poluentes.
De
acordo com Francisco Ferreira, presidente da Associação ZERO, no que respeita
ao ar, as cinco primeiras instalações têm na primeira posição a Central
Termoelétrica de Sines, da EDP, seguida de duas fábricas de pasta de papel, da
Portucel, em Setúbal e Cacia, respetivamente, depois a Unicer, em Leça do
Balio, e em quinto lugar uma cimenteira, da Cimpor, em Alhandra.
Ainda
na poluição atmosférica, seguem-se outras indústrias na área da refinação -a
Petrogal-, novamente a pasta de papel, madeiras e alimentação animal.
Quanto
à poluição dos recursos hídricos, são sobretudo estações de tratamento de águas
residuais e em primeira lugar está a ETAR de Matosinhos [Porto], em segundo a
de Alcântara, em Lisboa, em terceiro a de Ribeira de Moinhos, em Sines, que
recebe muitos efluentes industriais, em quarto a Sanest, na Costa do Estoril, e
em quinto lugar a ETAR Norte, do sistema SIMRIA, em Aveiro.
Na
lista dos poluidores da água, seguem-se as ETAR ou empresas relacionadas com a
indústria, nomeadamente na área da pasta de papel.
Francisco
Ferreira exortou ainda as empresas a reduzirem as suas emissões poluentes.
O
trabalho, apresentado, pela ZERO analisou a posição de cada unidade
relativamente à emissão de cada poluente e de acordo com a informação
obrigatória que as empresas têm de reportar a nível nacional e internacional.
A
central de Sines "é uma instalação extremamente significativa em termos de
poluição do ar e ocupa a primeira posição nas emissões de dióxido de carbono,
de fluoretos e de compostos inorgânicos de flúor e de mercúrio",
descreveu.
Na
poluição da água, referiu o ambientalista, "há casos significativos de
emissão de metais pesados, por exemplo, a ETAR de Matosinhos ocupa a primeira
posição nas emissões de cádmio, cobre, cianeto, chumbo e níquel", mas, a
de Alcântara ocupa a primeira posição em outros compostos "problemáticos,
os chamados poluentes orgânicos persistentes, alguns deles
carcinogénicos".
Entre
os poluentes, está o dióxido de carbono, um gás de efeito de estufa responsável
pelas alterações climáticas, metais pesados, emitidos para o ar ou para a água,
ou compostos que podem enriquecer em demasia o meio aquático com nutrientes,
como o azoto ou o fósforo.
Estes
poluentes podem ter efeitos nos ecossistemas ou na saúde humana, ou em ambos.
Um
relatório da EEA, divulgado em junho, dava conta que 10 países da União
Europeia continuavam em 2014 a ultrapassar os limites nacionais de emissão de
poluentes do ar, mas Portugal, tal como o conjunto dos 28, cumpria as metas.
Quanto
aos recursos hídricos, num acórdão divulgado em meados de Junho, o Tribunal de
Justiça da União Europeia (UE) condenou Portugal, além do pagamento da quantia
fixa de três milhões de euros, a uma sanção pecuniária compulsória de 8.000
euros por dia de atraso no cumprimento da diretiva relativa ao tratamento das
águas residuais urbanas, em Vila Real de Santo António (Algarve) e Matosinhos.
TSF
/ Lusa
Foto:
Global Imagens
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