Ana Alexandra Gonçalves*
Dir-se-á que falar de Paulo Portas e promiscuidade entre política e poder económico já não faz sentido na medida em que o mesmo já não ocupa cargos de representação política. Ou seja, à semelhança de outros, depois de serem políticos passa a valer tudo, mais cherne, menos cherne.
É evidente que o passado destes políticos cruza-se invariavelmente com as empresas com as quais passaram a colaborar (resta saber até que ponto colaboraram com essas empresas quando eram representantes do povo. No caso de Portas a Mota-Engil foi apenas mais um exemplo. Depois de ter feito negócios na qualidade de ministro, com claros benefícios para a referida empresa, agora o ex-ministro passará a trabalhar também para uma petrolífera mexicana - fica por saber como é que os mexicanos se lembraram de tão proeminente e famigerada figura. Talvez tudo tenha acontecido quando Portas gozava umas férias por aquelas paragens ou numa ou noutra visita oficial ao referido país.
O pior desta história não é o período de nojo, porque se trataria de um redundância, afinal de contas nojenta já ela é. O pior desta história é que políticos ou ex-políticos como Portas voltarão à política activa depois de um passado conspurcado pela promiscuidade entre poder político e poder económico;depois de um passado em que se comportam não como representantes do povo, mas como representantes de empresas privadas, anulando por completo a democracia - a soberania do povo dá lugar à soberania de políticos que representam essas ditas empresas.
Espero estar enganada e Portas jamais regresse à política activa. Seja como for já deu um forte contributo para a fragilização da democracia.
*Ana Alexandra Gonçalves, em Triunfo da Razão
Nenhum comentário:
Postar um comentário