Mário Motta, Lisboa
Foram finalmente divulgados a quantidade e os que recebem as famigeradas subvenções vitalícias e oneram os custos pagos pelos contribuintes enquanto viverem. Eles(as) são mais de 300. São milhares e milhares, muitos milhares de euros (milhões?) que são subtraídos aos portugueses para sustentar vícios e mordomias a quem alegadamente “serviu Portugal”, como se todos e qualquer português não sirva Portugal enquanto vive. Estão nesse caso muitos portugueses, milhões deles, desde a mais mal remunerada profissão à mais elevada. Não vimos que seja considerada àqueles que dedicam a sua vida ao mar, à pesca, com salários de miséria, “servir Portugal”, nem aos que constroem os prédios, as pontes, as estradas (vulgo construção civil), nem aos metalúrgicos, nem aos da agricultura, nem aos mineiros, nem aos da prestação de serviços, nem aos das fábricas, etc. Nem aos militares por imposição, ainda vivos (manetas e pernetas) que enfrentaram mais de uma década de guerra colonial injusta (como são todas). Segundo a legislação e disposições das elites que se governam, os que servem Portugal são essencialmente aqueles que desempenharem cargos políticos… os deputados, por exemplo, os ex-governantes, por exemplo. A “mama é só deles. Para eles a criaram e das tetas da vaca magra subtraem o que é produzido pelos que realmente servem toda a vida Portugal e em Portugal dão a vida, os membros superiores e inferiores… Quase por favor, no caso de acidentados que caiam de andaimes e fiquem paraplégicos, por exemplo, lá lhes “oferecem” uma cadeira de rodas, uma misera pensão de sobrevivência e nada mais.
Em linguagem robusta mas carregada de realidade podemos dizer que aqueles senhores e senhoras das ditas subvenções vitalícias são uns chulos da população portuguesa. Ainda mais por não se vislumbrar que um só deles esteja a sobreviver na miséria ou para lá caminhe. Antes pelo contrário. Encontram até na velhice as comodidades e luxos a que a maioria dos portugueses não tem direito. Ou mesmo que tenham direito teoricamente delas não conseguem usufruir por dificuldades que colocam nos processos. Quase tudo é negado ou entregue à míngua aos que realmente servem com o suor do seu rosto Portugal e o coletivo populacional. Aos políticos e aos que se introduzem nos meandros e ilhargas da política o fartote de esbulho feito lei contribui todos os anos para o esvair da mais-valia que é produzida por todos os portugueses. E são só esses que servem Portugal? Ou são só esses que prestam "serviços relevantes a Portugal", como afirmam? Não. Não são só esses.
Aqueles sujeitos e sujeitas, talvez na maior parte dos casos, têm diplomas universitários (alguns certamente de valores produzidos por falsários) e pulam para a política para garantir os seus futuros. Fazem-no sem rebuço e com a certeza de que prosseguindo, sejam ou não capacitados, sejam ou não competentes, têm a garantia de uma reforma por serviços prestados aqui e ali no privado ou no público e ainda uma airosamente chamada subvenção vitalícia. É uma asquerosa e inadmissível chularia que a classe política decretou em vantagens defendidas em causa própria. A política e a proteção de bambúrrios que os políticos reservam para si oneram todos os portugueses sem que se vislumbre um pingo de decência daquela classe elitista. Os mais conhecedores e experientes nas andanças da putaria e dos chulos comentam que nem os chulos da Banharia, do Cais do Sobre ou do Intendente teriam tanta ganância e tanta ausência de dignidade, tanta avareza, como os políticos que recebem a dita subvenção vitalícia por, por uns anos, desempenharem cargos políticos mais ou menos relevantes. É que quem está na política ganha a dois carrinhos ou mais. Faz currículo, é contratado por grandes impérios do capital com direito a honorários douradíssimos. Tem a vida facilitada por tudo e por todos… e além da dita subvenção vitalícia recebem a reforma e mais o que sempre vai “escorrendo” daqui e dali.
Poderão não ser todos assim deste jaez, os que enveredam pela política, mas os existentes são demasiados. E para eles não há “cortes”, ou, quando há, são “cortes” insignificantes. Que mesmo assim, para os mais chulos, os mais avaros e gananciosos serão razão para choramingar e lamentarem – recordo Cavaco Silva e a sua postura de chulo inveterado quando sofreu “cortes” no governo do capanga Passos. O que ele se lamentou, que “não sabia como conseguiria sobreviver”… Tadinho.
E é a chulos com tal caráter que entregamos o país e o “ouro ao bandido”. É inútil aconselhá-los a terem vergonha. Isso é algo de que estão desprovidos.
Não são todos. Mas são demasiados. E é a esses demasiados que temos por direito e obrigação de considerar uns grandes chulos de Portugal, assim como intervir intensamente para que a chularia recue e readquira alguma consciência e dignidade – se é que alguma vez as tiveram.
Não agrada aos portugueses serem levados a sentir, pensar e opinar de modo tão indignado e rude, mas realista. As responsabilidades de assim acontecer estão completamente reveladas na lista divulgada que contém os que mesmo depois de abandonarem a política continuam a beneficiar do que é retirado ao país e aos portugueses para uso exclusivo de uns quantos trastes da política.
Leia-se e consulte-se o que é facultado por João Oliveira do Notícias ao Minuto.
Mais de 300 políticos com subvenções vitalícias. Lista já foi divulgada
Caixa Geral de Aposentações teve um parecer positivo da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos para tornar o documento público.
José Sócrates, Manuel Alegre, Maria de Belém, Duarte Lima, Rocha Vieira, Manuel Maria Carrilho. Estes são apenas alguns dos nomes contemplados na lista da Caixa Geral de Aposentações, referente a todos os nomes com direito a subvenções vitalícias.
Entre todos os presentes, Rocha Vieira e Carlos Melancia, ex-governadores de Macau, são quem teve direito às subvenções mais elevadas, algo como 13.607 e 9.727 euros, respetivamente.
José Sócrates, que recentemente anunciou o seu pedido de subvenção, teve direito a rendimentos que ascendeu aos 2.372 euros. António Guterres, por seu lado, aufere (com reduções parciais), desde 2002, algo como 4.138 euros.
Além destes, é possível encontrar outros nomes do panorama político bem conhecidos do público português, como é o caso de Maria de Belém (que pediu ao Tribunal Constituicional o corte destes rendimentos, mas que aufere 2.372 euros); a antiga presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, com uma subenvenção de 3.432 euros; o ex-secretário geral do PCP Carlos Carvalhas, com 2.819 euros, entre outros.
Para conferir a lista por completo, basta aceder ao site da Caixa Geral de Aposentações, selecionar a pasta 'Documentos' e carregar na opção ‘Lista SMV’. O sistema fará um download direto para o seu computador, com a lista de todos aqueles que têm direito a subvenções vitalícias.
João Oliveira – Notícias ao Minuto
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