Ana Alexandra Gonçalves*
Desde logo importa lembrar que a política subjuga-se à ética e que os secretários de Estado do actual Governo esqueceram o princípio acima enunciado. Sou das que consideram que, depois da promiscuidade entre esses membros do Governo e uma empresa privada, ainda para mais em conflito com o Estado, só existe uma saída: demissão.
Todavia, não deixa de ser curioso ver a oposição exigir um comportamento ético dos outros, com toda a veemência humanamente possível, esquecendo que em suas próprias casas reina a promiscuidade, com maior ou menor nojo. Essa oposição é a mesma que vocifera incessantemente que se desrespeitou a ética republicana, sem que aprofundem o que consideram como sendo a ética republicana. Para esta oposição a ética é quando convém.
Os secretários de Estado do actual Governo erraram e não emendam a mão demitindo-se. Ignoram que estão desta forma a contribuir para o descrédito da política que se tem esquecido de se subjugar à ética e concedem argumentos a uma oposição, longe de ser impoluta, mas que conta com a memória curta de muitos de nós e com uma comunicação social ao serviço dessa mesma oposição. Neste contexto não pode haver lugar ao mínimo erro, quanto mais a esta promiscuidade bacoca entre membros do Governo e empresas privadas, tudo a troco de uns bilhetes para um jogo de futebol.
*Ana Alexandra Gonçalves, em Triunfo da Razão
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