domingo, 21 de agosto de 2016

Um 'Rio' de desilusão pelas medalhas que Portugal não venceu?

Comitiva portuguesa foi a maior de sempre. Na bagagem volta uma medalha de bronze apenas. Uma desilusão?
DESPORTO RIO'2016HÁ 1 HORAPOR PEDRO FILIPE PINA
De quatro em quatro anos, o país desportivo faz uma pausa no verão. Por momentos, as transferências de jogadores e a pré-época dos ‘três grandes’ do futebol passam para segundo plano. A atenção foca-se nos mais diversos recintos onde há portugueses a competir nos Jogos Olímpicos.

Desde 1976 que Portugal tem trazido sempre medalhas, exceção feita aos jogos de Barcelona, em 1992. Mas não se pense que o nosso palmarés está recheado de títulos. Temos 24 medalhas olímpicas. Somos apenas um de dezenas de países que tem menos medalhas do que Michael Phelps. E apenas por quatro vezes trouxemos o ouro (e sempre no atletismo).
Nos Jogos Olímpicos competem os melhores do mundo em cada modalidade. Aproveitámos para compilar alguns dos melhores resultados entre os nossos atletas. Não trouxeram medalhas mesmo mostrando a tenacidade de Telma Monteiro, bronze no judo. Mas que enfrentaram igualmente as mais diversas ‘barreiras’.
Comecemos pelo triplo salto, onde havia esperanças no masculino e no feminino. Nélson Évora venceu o ouro em 2008, em Pequim. De então para cá, juntou aos títulos lesões que o afastaram da pista. Lutou para regressar. Ficou em sexto na final. Pouco para um campeão olímpico? Saltou 17,03, a sua melhor marca do ano. E foi o melhor europeu da final.
Patrícia Mamona chegou à final com o título recente de campeã europeia. Por duas vezes, fez melhor do que o recorde nacional que lhe deu o título europeu. Ficou em sexto mas ainda contou com a companhia de Susana Costa (9.ª classificada) no top 10.
Entre as esperanças goradas de medalha, temos de incluir a canoagem, que em 2012 nos deu prata em Londres. Emanuel Silva, agora com a companhia de João Ribeiro, não repetiu a medalha em K2 1000. Ficou em 4º. “Últimos dos primeiros”, disse à RTP após a final. Falava a voz de frustração de Emanuel Silva, mesmo estando entre os melhores do mundo na sua especialidade.
Fernando Pimenta, que em 2012 partilhou o pódio com Emanuel Silva, ficou em 5.º em K1000. Chorou de desilusão. Foi até alvo de alguns comentários mais negativos sobre a sua queixa relativamente às algas. Certo é que Portugal apresentou queixa pelas condições e não o fez sozinho: a queixa foi conjunta, com mais três equipas a queixarem-se do mesmo. Perdeu perto do fim uma prova que liderou mas, ainda choroso, Pimenta já falava em novos objetivos.
Já na prova de K4 1000 metros, o quarteto composto por João Ribeiro, Emanuel Silva, Fernando Pimenta e David Fernandes não conseguiu a conquista de medalhas, tendo-se ficado pela 6.ª posição com o tempo de 3:07:48 minutos.
Continuemos, agora no ciclismo, modalidade em que Portugal até já venceu uma medalha (Sérgio Paulinho, em Atenas 2004). Mais uma vez, zero medalhas. Mas quem viu a prova viu Rui Costa chegar em 10.º, à frente de um dos homens que já venceu a emblemática Volta à França, Chris Froome. Nélson Oliveira, que na mesma prova de estrada deu uma queda, apareceu dias depois no contrarrelógio. Terminaria em 7.º, sem medalhas. Foi o nosso melhor resultado de sempre no contrarrelógio olímpico.
No triatlo, o nosso melhor triatleta foi João Pereira, 5.º classificado. No feminino, tivemos prata em 2008, em Pequim, com Vanessa Fernandes. No masculino, foi também no Rio de Janeiro que tivemos a melhor participação de sempre.
Rui Bragança, estudante de medicina e praticante de Taekwondo, deixou-nos durante algumas horas a falar na possibilidade de medalhas. Perdeu nos quartos-de-final. E vamos repetir-nos: foi o melhor resultado de sempre na modalidade. E logo numa que muitos portugueses só ouviram falar agora, quando um português lutou entre os melhores do mundo.
Marcos Freitas é o mais cotado da equipa portuguesa no ranking mundial de ténis de mesa. A China voltou a dominar o concurso a todos os níveis, enquanto Portugal, apesar de estar representado em equipas e em singulares masculinos e femininos, ficou sem medalhas. A esperança de quem torce de fora por medalhas por vezes pode ser tão grande quanto a dos atletas. Nem Marcos Freitas conseguiu. Ao invés, voltou com um quinto lugar. E, uma vez mais, com o melhor resultado de sempre de Portugal na modalidade.
No ténis, contamos agora com o nosso jogador mais bem posicionado de sempre no ranking mundial. Chama-se João Sousa. Ganhou a sua primeira partida e perdeu depois com Juan Martin del Potro, que viria a conquistar a medalha de prata. Após a sua eliminação, também Gastão Elias foi eliminado ao segundo jogo. Dupla desilusão? Gastão Elias foi o primeiro jogador de sempre do ténis português a vencer uma partida nos Jogos Olímpicos. João Sousa foi o segundo. Aconteceu este verão.
Luciana Diniz, no hipismo e montada num cavalo, de seu nome Fit For Fun, cavalgou etapas até ao último dia de prova. No caso dela, só vencendo prata ou ouro é que seria o melhor resultado de sempre do hipismo português.Já ganhámos não uma mas duas medalhas olímpicas no hipismo. Foram de bronze: a primeira em 1924, a mais recente em 1936, estava Hitler a tentar provar ao mundo (e a errar redondamente) a superioridade racial.
Na natação, Alexis Santos foi quem mais se destacou. Porém, nem bater um recorde nacional lhe permitiu ir a uma final. Reconhecer isto é apenas ter consciência de que há países com tradição (e capacidade financeira e métodos e condições de treino mais avançados e por aí fora) na modalidade e que esses estão mais perto de ganhar do que nós.
Nos 20 Km marcha femininos, Ana Cabecinha terminou a prova no Rio de Janeiro em 6º lugar. Tinha sido 9ª em Londres e 8ª em Pequim. Era a melhor portuguesa na história da prova nos Olímpicos. Subiu mais uns ‘degraus’ na classificação.
Na ginástica artística feminina, Filipa Martins conseguiu um 37.º lugar no ‘all-around’, mais uma prova em que a norte-americana Simone Biles pulverizou toda a concorrência. É pouco? Já escrevemos isto algures: foi o nosso melhor resultado de sempre na modalidade.
Mesmo no futebol, desporto que tem atenção como nenhum outro em Portugal, caímos nos ‘quartos’. Sim, fomos campeões europeus este verão, o nosso melhor resultado de sempre. E sim, já vencemos torneios europeus e mundiais nas camadas jovens. Mas ainda não foi desta que ganhámos medalha alguma. Com a equipa possível, depois de dezenas de ‘negas’, a equipa de Rui Jorge caiu nos ‘quartos’ contra a finalista Alemanha.
‘Copo meio vazio’? Este ano há comitivas curiosas com mais medalhas do que nós, inclusive a equipa de refugiados (já com duas). 
‘Copo meio cheio’? Portugal já provou que é capaz de ter vencedores, em diversas modalidades. E é certo que as desilusões, tal como as críticas, também fazem parte da competição. Mas a verdade é que em mais de 100 anos de Jogos Olímpicos o nosso recorde de medalhas numa só competição é de apenas três. 
Com os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro a despedirem-se, aponta-se agora a Tóquio 2020. Será bom chegar lá e lutar por medalhas. Melhor ainda será ganhá-las. Mas talvez não chegue querer esse sucesso apenas durante as duas semanas de competição, daqui quatro anos.
Fonte:noticiasaominuto

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