domingo, 9 de outubro de 2016

ONG ALERTAM PARA NOVO “DESASTRE” NA COREIA DO NORTE COM A CHEGADA DO INVERNO


 
(dv) KNS / KCNA
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, saúda militares norte-coreanos em Abril de 2015
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, saúda militares norte-coreanos em Abril de 2015
Agências humanitárias alertam para um “segundo desastre” na Coreia do Norte com a chegada do inverno, já que ainda há dezenas de milhares de pessoas, incluindo muitas crianças, sem casa devido às inundações que atingiram o país.
Quase 70 mil pessoas perderam as suas casas devido às cheias na província de North Hamgyong, em agosto e setembro, que matou mais de 130 pessoas.
Num comunicado conjunto, a Save the Children e a UNICEF (a agência das Nações Unidas para a infância) alertaram que as zonas atingidas pelas cheias vão começar a experienciar temperaturas abaixo de zero a partir do fim de outubro, à medida que o “longo e amargo” inverno se instala.
Milhares de crianças estão a sofrer e o inverno iminente vai gerar um segundo desastre se não aumentarmos a assistência a crianças e famílias”, disse o representante da UNICEF para a Coreia do Norte, Oyunsaihan Dendevnorov.
“Perderam tudo: água potável, alimentos, medicamentos e abrigo. Sem mais atenção, o sofrimento das crianças só vai piorar”, acrescentou Dendevnorov.
As cheias no rio Tumen, que parcialmente marca a fronteira com a China e a Rússia, destruíram vilas, derrubaram edifícios e deixaram centenas de milhares com carência de comida e abrigo.
Paolo Fattori, diretor da Save the Children para a Coreia do Norte, instou às doações antes da chegada do inverno.
A situação neste momento é urgente e numa escala enorme, que não é vista aqui há décadas. É por isso que precisamos da intervenção da comunidade internacional”, disse Fattori.
As agências pedem 28,2 milhões de dólares em fundos para assistência imediata e a longo prazo, incluindo reparação de sistemas de água e disponibilização de bens diários como comida, ‘kits’ de higiene e abrigo temporário.
A Cruz Vermelha fez eco do apelo à “ação urgente” antes de o inverno chegar, mas apenas 11% dos 15,5 milhões de dólares que a organização pediu numa campanha de emergência a 21 de setembro foram angariados.
As agências explicam que angariar dinheiro para assistência humanitária na Coreia do Norte é cada vez mais difícil devido à condenação global ao programa de armas nucleares do país.
Alguns doadores questionam como pode o Norte financiar o desenvolvimento de testes de armas nucleares e ainda assim necessitar de ajuda para apoiar vítimas de cheias.
A Federação Internacional da Cruz Vermelha e as Sociedades do Crescente Vermelho (IFRC) revelaram que os sobreviventes das cheias estão a queimar pequenos pedaços de madeira em fogões improvisados para se aquecerem, depois de perderem o carvão nas inundações.
“Ação urgente é necessária antes das primeiras neves”, disse Chris Staines, líder da delegação da Chris Staines em Pyongyang.
“No ano passado isso aconteceu na terceira semana de outubro. As pessoas não têm abrigos apropriados, roupa nem outros itens básicos para se aquecerem e manterem saudáveis durante o inverno”, disse Staines.
A Coreia do Norte é muito vulnerável a desastres naturais, especialmente cheias, em parte devido à desflorestação e más infraestruturas.
Pelo menos 169 pessoas morreram numa tempestade em 2012.
/Lusa

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