domingo, 9 de outubro de 2016

Pais de soldado morto nos comandos exigem saber toda a verdade

Dois advogados já estão a ajudar a família, depois da notícia do JN que dava conta de dificuldades
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Os advogados que estão a acompanhar o processo de inquérito à morte do soldado Dylan Silva, de Ponte de Lima, já se constituíram assistentes no processo e pediram para se reunir com a procuradora do Ministério Público que está à frente do caso.
A reunião terá acontecido em Lisboa, no final desta semana. Ao JN, João Pedro Saraiva, um dos advogados que se disponibilizaram a apoiar a família do jovem formando dos comandos do Exército - que faleceu no dia 10 de setembro, depois de ter sofrido um "golpe de calor" no dia 4 -, adiantou que "já foi pedido apoio para custas judiciais do processo" e que o apuramento da verdade é o objetivo prioritário da estratégia dos dois advogados.
"Uma das coisas que a família mais nos pediu foi a descoberta da verdade. Para os pais, muito mais importante do que uma indemnização, é perceber por que razão um jovem de 20 anos perdeu a vida daquela forma", afirmou João Pedro Saraiva.
De acordo com o advogado, os resultados da autópsia e dos exames toxicológicos ainda não foram revelados. João Pedro Saraiva adiantou que, em caso de haver uma acusação pública, dará entrada "um processo cível normal de indemnização" a favor da família.
O Ministério Público abriu um inquérito à morte de Dylan Silva e Hugo Abreu, o primeiro militar que faleceu no primeiro dia do 127.º curso de comandos, a 4 de setembro. A Polícia Judiciária Militar está também a averiguar o caso que levou, entretanto, à suspensão dos próximos cursos de comandos e à desistência e afastamento de 37 soldados do curso.
A morte dos dois soldados está associada a relatos de violência extrema levada a cabo pelos instrutores do curso. Vários amigos e familiares dos dois jovens denunciaram publicamente os maus-tratos que os soldados terão sofrido, logo no primeiro dia do curso e durante o período que estiveram no Exército antes do início da formação para comandos.
A família de Hugo Abreu disse que o instruendo madeirense terá sido obrigado a comer terra, quando já estava quase inconsciente e a mãe de Dylan Silva, Lucinda Araújo, de acordo com relatos do filho, corroborou a existência de violência na formação do Exército.
"Mediante o que o meu filho me contava, tudo o que tem sido noticiado é verdade. O meu filho não disse que foi espancado, mas disse-me que o sargento lhe batia", afirmou ao JN a mãe de Dylan. "O meu filho nunca se fez de vítima e ir para os comandos foi uma escolha dele. Mas o que ele me dizia é que o trato era igual para todos", acrescentou a mãe, que espera saber "toda a verdade" sobre o que aconteceu.
JN

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