Físicos e químicos da Universidade de Bristol, em Inglaterra, encontraram uma maneira de converter toneladas de resíduos nucleares em baterias de diamante que podem gerar uma pequena corrente elétrica durante milhares de anos.
O geoquímico Tom Scott e a sua equipa, criaram um protótipo de bateria de diamante que usa um isótopo instável de níquel (níquel-63) como fonte de radiação.
“Não há partes móveis envolvidas, nenhuma emissão gerada e nenhuma manutenção necessária, apenas a geração direta de eletricidade”, explica Tom Scott em comunicado.
“Ao encapsular materiais radioativos dentro de diamantes, transformamos um problema de longo prazo de resíduos nucleares numa bateria de energia nuclear e um fornecimento de energia limpa a longo prazo”, sublinha.
Segundo os especialistas o níquel-63 dura, em média, cerca de 100 anos. Isto significa que o protótipo do dispositivo ainda manteria, aproximadamente, 50% da sua “carga” durante 100 anos.
Mas os cientistas dizem que há uma fonte ainda melhor com a qual poderiam trabalhar – e isso iria fornecer uma solução para a enorme qualidade de lixo nuclear do Reino Unido.
A primeira geração de reatores nucleares Magnox no Reino Unido, produzida de 1950 até 1970, usou blocos de grafite para ajudar a sustentar as reações nucleares, mas os próprios blocos tornaram-se radioativos, gerando um isótopo de carbono instável, o carbono-14.
Agora, os reatores Magnox estão encerrados mas deixaram cerca de 104.720 toneladas de blocos de grafite que são classificados como resíduos nucleares.
Essas toneladas de grafite têm de ser armazenadas com segurança enquanto permanecem radioativas, o que pode demorar bastante tempo pois o carbono-14 pode durar cerca de 5.730 anos.
Assim, a equipa de cientistas decidiu tentar transformar esse isótopo em baterias extremamente duradouras.
“O Carbono-14 foi escolhido como material de origem porque emite uma radiação de curto alcance, que é rapidamente absorvida por qualquer material sólido”, afirma Neil Fox.
Isto significa que é perigoso de ingerir e não deve tocar na pele, mas é muito seguro dentro de um diamante, onde nenhuma radiação de curto alcance pode escapar.
“O diamante é a substância mais dura conhecida pelo homem, não há literalmente nada que pudéssemos usar que oferecesse mais proteção”, adianta o cientista.
De acordo com os especialistas, as baterias de carbono-14 só seriam boas em aplicações de baixa potência, mas a sua resistência seria avassaladora.
Estas baterias de diamante serão bastante úteis “em situações onde não é possível carregar ou substituir baterias convencionais”, disse o geoquímico Tom Scot, citado pelo Science Alert.
“As aplicações óbvias seriam em dispositivos elétricos de baixa potência onde a longa duração da fonte de energia é necessária, como satélites, drones de alta altitude ou até mesmo naves espaciais”, sublinhou.
Apesar de ser cedo para falar sobre a aplicação prática destas baterias, os cientistas dizem que a investigação pode fornecer um propósito útil para a enorme quantidade de resíduos radioativos, e dar aos cidadãos uma bateria incrível e duradoura.
BZR, ZAP
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