quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

LICENCIATURAS INEXISTENTES AFASTAM MAIS DOIS ASSESSORES DO GOVERNO


 
António Cotrim / Lusa
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O Governo analisou os currículos de adjuntos, especialistas e assessores dos gabinetes e detetou duas situações que motivaram exonerações.
Observador noticia esta quarta-feira as duas saídas resultantes do escrutínio aos currículos em vários gabinetes: uma falsa licenciatura, que deu em exoneração nos Assuntos Parlamentares, e uma nota curricular sobre uma licenciatura não frequentada no Ministério do Mar.
“Quando os casos das falsas licenciaturas foram conhecidos, fizemos um despiste para tentar encontrar qualquer situação do género que não estivesse identificada nos currículos”, afirmou Pedro Nuno Santos, secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, ao Observador.
No seu gabinete, foram encontradas incongruências no currículo da sua assessora de imprensa, a “técnica especialista” Carla Fernandes. “Pedimos entrega de certificados de habilitações, mas a Carla não entregou e disse que não tinha forma de entregar e pediu a exoneração. Não ignorámos a mentira, mas não foi preciso tomar a iniciativa porque ela pediu a exoneração”, diz ao Observador Pedro Nuno Santos.
Em 2008, Carla Fernandes entrou no Governo como assessora da Secretaria de Estado dos Transportes, sendo apresentada como licenciada na nomeação publicada em Diário da República. Já em 2015, quando nomeada por Pedro Nuno Santos, aparecia como “bacharel” em Business Studies, na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais do Trinity College, na Universidade de Dublin. A universidade não confirmou o grau ao jornal Observador.
Pedro Nuno Santos esclareceu ao jornal que convidou Carla Fernandes para o seu gabinete depois de “ter trabalhado com ela na comissão de inquérito ao BES”. O secretário de Estado diz que a conheceu “enquanto parlamentar” e que, no momento da nomeação, foi-lhe pedido que apresentassem o currículo para que fosse colocado no despacho e “acreditou-se que as informações eram as corretas”.
O segundo caso diz respeito a Fausto Coutinho, ex-diretor de informação Rádio do grupo RTP. No seu despacho de nomeação, consta que, “em 2005, matriculou-se na Universidade Lusófona de Lisboa que, devido à sua intensa atividade profissional, não chegou a frequentar“.
O Observador refere que o caso se tornou viral nas redes sociais, com o despacho a ser partilhado como exemplo da falta de rigor dos membros do gabinete de António Costa. Ana Paula Vitorino não terá gostado desta referência, mas oficialmente foi o próprio Fausto Coutinho a pedir o afastamento.
O despacho de exoneração foi publicado esta segunda-feira, 28 de novembro, mas foi assinado a 17 de novembro e remete para o mesmo dia da exoneração de Carla Fernandes: 2 de novembro.
Esta revisão dos currículos dos membros dos gabinetes foi levada a cabo no rescaldo da polémica das licenciaturas falsas no Ministério da Educação.
Em outubro, o chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto, Nuno Félix, demitiu-se após ter declarado duas licenciaturas falsas, e também o assessor Rui Roque, adjunto de António Costa, que reparava as visitas do primeiro-ministro dentro do país, acabou por se demitir por causa da licenciatura.
Na altura, o ministério da Educação admitiu que “foi feito um levantamento relativo aos graus académicos referidos nas notas curriculares dos membros dos gabinetes do Ministério da Educação, não se tendo verificado qualquer desconformidade”, cita o Observador.
ZAP

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