Estudo pedido pela secção regional sul da Ordem do Médicos conclui que caminhamos para "um Serviço Nacional de Saúde pobre, para os pobres".
Menos de metade dos médicos portugueses trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS). As contas estão num estudo sobre a evolução do esforço da classe no serviço público, sobretudo depois de "Memorando de Entendimento" assinado com a troika.
O trabalho, desenvolvido pela Universidade Nova de Lisboa e coordenado por Raquel Varela, diz que o "número de profissionais médicos a exercer no SNS teve uma evolução miserável se considerarmos o potencial de médicos formados desde a década de 1970", com destaque para a "evolução negativa nos Cuidados Primários (nomeadamente Centros de Saúde).
Na prática, "são formados muito mais médicos pelo SNS do que aqueles que ficam a trabalhar nele", sendo que, ao mesmo tempo, desde o início deste século que os gastos estão "mais ou menos congelados, com um crescimento residual".
Há um "aumento das horas de trabalho acima do aumento de profissionais, sobretudo na fase pós-memorando de entendimento", o que faz surgir os já conhecidos efeitos de burnout (esgotamento) entre os médicos.
Os médicos estão por isso em "níveis próximos do seu limite, ou mesmo para lá dele", havendo ainda sinais de que vários profissionais que acumulam empregos em diferentes hospitais e serviços para compor o seu horário e salário, temendo-se, segundo os investigadores, que se esteja a construir "um SNS pobre, para os pobres".
O presidente da Secção Regional do Sul da Ordem dos Médicos admite que não ficaram surpreendidos com os resultados deste estudo.
Jaime Teixeira Mendes diz que o trabalho prova que "os médicos trabalham hoje, mais mas ganham menos do que há 10 ou 15 anos", tendo sido os médicos os profissionais de saúde que mais viram o ordenado diminuir.
Fonte: TSF, Foto idem
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