Mais de um século depois de ter sido identificado pela primeira vez, uma equipa de cientistas conseguiu finalmente apanhar um larváceo gigante da mítica espécie Bathochordaeus charon.
Esta criatura marinha invertebrada e translúcida foi detectada pela primeira vez, em 1899, pelo professor Carl Chun, investigador da Universidade de Leipzig, na Alemanha, durante uma expedição pelo Oceano Atlântico, noticia o Live Science.
Em 1936, o biólogo britânico Walter Garstang recolheu uma série de larváceos gigantes que foram classificados como uma nova espécie: Bathochordaeus stygius.
Mas, como nunca mais houve quem tivesse avistado um espécimen com as características descritas por Chun, já se começava a duvidar que o B. charon existisse mesmo.
Porém, graças a um veículo operado remotamente pela equipa do cientista Rob Sherlock, do MBARI – Instituto de Pesquisa do Aquário da Baía de Monterey, foi agora possível finalmente obter um exemplar vivo desta espécie de larváceos gigantes.
A descoberta aconteceu na costa de Monterey, na Califórnia.
“Como o veículo foi recuperado algumas dezenas de minutos depois, o animal estava vivo, em estado fantástico, e preservámo-lo logo”, explica Rob Sherlock.
“Não fazíamos ideia, até termos olhado com mais atenção para o espécimen, que tínhamos encontrado de facto o B. charon, a espécie inicialmente descrita há mais de 100 anos”, diz ainda o cientista.
Girinos “gigantes” psicadélicos
Estamos a falar de um animal que parece um girino, com uma cabeça redonda num extremo e uma cauda longa no outro, e que utiliza uma “casa de muco”, semelhante a um pára-quedas, que pode atingir um metro de comprimento, para apanhar a sua comida.
A maioria dos larváceos conhecidos são criaturas minúsculas, com menos de um centímetro de comprimento, enquanto que estas versões “gigantescas” podem atingir quase 10 centímetros e são muito menos comuns.
Os larváceos constroem estas “casas de muco” para servirem de filtro para a comida, abanando a cauda e criando uma corrente que mantém a pegajosa rede aberta, atraindo até ela as iguarias do oceano.
Só as partículas mais pequenas passam através da rede para um tubo de alimentação que segue para a boca dos larváceos.
“Se uma lula ou um peixe a passar atravessam pela casa, ou grandes partículas ficam presas no tubo de alimentação, os larváceos simplesmente continuam e constroem outra casa”, explica Rob Sherlock ao Live Science.
A descoberta deste exemplar único do Bathochordaeus charon foi descrita num artigo publicado no jornal Marine Biodiversity Records, no qual os autores realçam a sua raridade – nomeadamente face aos seus parentes próximos, o Bathochordaeus stygius, que são mais comuns.
SV, ZAP
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