quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Quando compra um produto solidário, o Estado recebe mais do que a Unicef

Em especial no Natal, pode comprar um presente que fará feliz mais do que a pessoa presenteada. Mas sabe exatamente qual a percentagem destinada a ajudar?

Ao comprar um cartão de Natal ou outro produto da Unicef, efetivamente só está a contribuir com entre 18 e 20% para causas humanitárias.
Este é o valor líquido fixo que a instituição recebe por cada artigo vendido, desde que adotou um novo modelo de vendas, em 2015.
Pode não parecer muito, mas trata-se de uma estratégia para colmatar a progressiva diminuição das vendas de produtos cujo valor reverte para a Unicef.
Em termos de royalties "é uma boa margem", explicou ao Notícias ao MinutoMadalena Marçal Grilo, Diretora Executiva do Comité Português para a UNICEF. E uma vez que não há preocupação com custos, "é muito mais rentável para o objetivo principal: enviar fundos para benefício de crianças".
Com o novo modelo, a empresa espanhola Forletter está encarregue da venda destes produtos na Península Ibérica, entregando 18 a 20% do valor de venda à Unicef através de royalties.
Outros 23% vão para o Estado, cobrados em IVA, e o restante é destinado à Forletter, que se responsabiliza por toda a produção, armazenamento e distribuição, encargos que antes recaíam sobre a Unicef. "Num produto que custe um euro, 23 cêntimos são IVA e 20 cêntimos são para a Unicef", exemplificou Madalena Marçal Grilo.
Se houve uma altura em que se venderam muitos cartões em Portugal - no início do milénio foram mais de quatro milhões - com a crise as coisas mudaram. Em 2014, o último ano antes da adoção do novo modelo de negócio, ainda se venderam 91 mil cartões.
Outra mudança, ressalva Madalena Marçal Grilo, é que os produtos da Unicef costumavam estar isentos de IVA.
Em 2015 a Unicef recebeu, líquidos, 37 mil euros, mas a diretora executiva do Comité Português, espera que este ano seja um valor superior. “É um modelo que será para manter”, assegura.
Para estabelecer um protocolo de licenciamento, a Unicef tem de se certificar de que a empresa parceira cumpria todos os requisitos - como não recorrer a trabalho infantil -, sendo que o produto final tem de ser "previamente aprovado".
Este foi o primeiro cartão da Unicef:
Notícias ao Minuto© Steve Antonelli/Unicef
Os cartões de Natal são os produtos mais vendidos da Unicef nesta época do ano. Tudo começou quando uma menina checoslovaca quis agradecer à instituição a ajuda prestada à sua aldeia após a Segunda Guerra Mundial.
Três anos depois, corria o ano de 1949, o desenho de Jitka Samkova foi utilizado para criar um cartão de Natal. Todos os anos, a partir daí, há anualmente vários cartões de boas-festas diferentes, concebidos com a colaboração voluntária de artistas.
Fonte:noticiasaominuto


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