quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

PLANO DE RECUPERAÇÃO DA CAIXA VAI SAIR CARO AOS CLIENTES DO BANCO


 
Rodrigo Gatinho / portugal.gov
Paulo Macedo, presidente da CGD
Menos rendimentos com as poupanças e créditos e serviços mais caros para os clientes, eis o que prevê o plano de recuperação da Caixa Geral de Negócios (CGD) que visa passar dos actuais três mil milhões de euros de prejuízos para os 670 milhões de lucros em apenas quatro anos.
O plano de revitalização do banco público que Paulo Macedo, o recém-designado novo presidente da CGD, vai aplicar passa essencialmente, pelo “corte de custos”, conforme constata o Jornal de Negócios.
Nesse sentido, serão os clientes da Caixa a pagar grande parte da factura que visa recuperar o banco e passar de uma situação actual de três mil milhões de euros de prejuízos para os 670 milhões de euros de lucros em 2020.
Assim, os juros dos depósitos vão descer de 0,6% para 0,2%, afiança o Negócios, notando que os créditos, por seu turno, vão ficar mais caros.
A expectativa é que estas medidas rendam mais de 400 milhões de euros até 2020, segundo o mesmo jornal que refere que destes, 275 milhões serão oriundos da poupança nos juros dos depósitos.
Quanto aos créditos mais dispendiosos, a Caixa parte do princípio de que as taxas de juro vão continuar negativas ou que, não subirão acima dos 0%.
Os clientes da CGD podem ainda esperar aumentos nos tarifários de alguns dos serviços prestados pelo banco.
No rescaldo da substituição de António Domingues por Paulo Macedo, na presidência da CGD, a comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, disse estar em contacto com o Governo e a acompanhar as evoluções no processo e também, que espera que o banco “siga em frente” após a recapitalização.
“Esperamos que, depois da injecção de capital, o banco possa seguir em frente”, referiu a comissária em conferência de imprensa.

BE exige explicações do presidente do Tribunal de Contas

Entretanto, o relatório do Tribunal de Contas (TdC) que imputa responsabilidades ao anterior governo PSD/CDS pela actual crise na Caixa está a ter reflexos na vida política nacional e o Bloco de Esquerda exige explicações.
O deputado bloquista Moisés Ferreira anunciou um requerimento para ouvir o presidente do TdC na Comissão Parlamentar de Inquérito à Recapitalização da CGD.
“A intenção da audição é muito simples e tem a ver com o relatório sobre o controlo que é feito pelo Estado ao seu sector empresarial e que demonstra que o anterior Governo (PSD/CDS), apesar de ter estabelecido algumas metas estratégicas, nunca fez o controlo sobre se essas metas estavam a ser atingidas e que medidas estava a CGD a implementar para atingi-las”, refere Moisés Ferreira citado pela Agência Lusa.
O ex-primeiro-ministro Passos Coelho rejeita qualquer falta de transparência no controlo da CGD entre 2013 e 2015, destacando um “nível de auditoria com profundidade e exigência muito maior” do que no passado.
Também a antiga ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, considera, em declarações divulgadas pela TSF, que as críticas apontadas no relatório não fazem sentido, realçando que as actividades da Caixa e de todos os bancos “estão sujeitas a um nível de escrutínio muito mais completo, muito mais exigente e rigoroso do que qualquer outra entidade do sector público empresarial”.
ZAP / Lusa

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