Francisco Louçã foi um dos nomes aprovados pelo Conselho de Ministros para integrar o Conselho Consultivo do Banco de Portugal.
Vital Moreira pronunciou-se, num artigo publicado no blog Causa Nossa, sobre a entrada de Francisco Louçã para o Conselho Consultivo do Banco de Portugal, deixando no ar a ideia de que terá existido algum oportunismo pelo facto de o Bloco de Esquerda ser aliado do Governo socialista.
“A nomeação de Francisco Louçã para o conselho consultivo do Banco de Portugal mostra que a aliança governativa do BE (e do PCP) com o PS não lhes proporcionou somente as medidas de ‘reversão da austeridade’ acolhidas nos acordos entre as partes, e outras ganhas posteriormente (como a subida extra das pensões), bem como o abandono forçado de uma parte do programa eleitoral do PS”, começou por escrever o constitucionalista.
“Há a assinalar mais duas vantagens associadas à entrada na esfera do poder”, prosseguiu, fazendo não só referência a uma “maior presença nos média (aliás, bem superior à sua representação política) e a uma maior capacidade de agitar no debate público a sua agenda política própria”, como à “tomada de posições nas instituições do Estado (como o Conselho de Estado, o Tribunal Constitucional, o órgão de gestão do Ministério Público, etc.), o que lhes permite potenciar a sua influência política e premiar a sua elite política com cargos oficiais”. A conclusão que Vital Moreira tira é de que se trata de “um bom negócio, portanto”.
Na opinião do constitucionalista, Bloco de Esquerda e Partido Comunista “não desdenham entrar dentro do Estado pela mão do Governo”. E isso reflete-se, diz, na sua mudança de postura: “Transformados de partidos de protesto em partidos de poder (pelo menos a título experimental...), o BE e o PCP trocam também a ideia revolucionária da tomada do Estado do exterior pela ideia de ocupação do Estado pelo interior”.
“Resta saber”, conclui Vital Moreira, “se esta entrada dentro do Estado não passa de uma manifestação de ‘entrismo’ oportunista ou se constitui uma genuína conversão da Esquerda radical às instituições da ‘democracia burguesa’”.
Goreti Pera, em Notícias ao Minuto
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