Dirigente espiritual refere que os princípios da religião não foram respeitados. Mulher, de 34 anos, continua desaparecida no mar.
Muito embora as autoridades policiais não se pronunciem quanto à possibilidade de as pessoas que se encontravam na praia da Costa Nova, em Ílhavo, na noite de quinta-feira, estarem à beira do mar a fazer um ritual religioso – não obstante os alertas emitidos –, a tese não levanta grandes dúvidas a quem pratica o mesmo tipo de rituais, a que chamam de “oferendas”.
“Através das imagens que foram transmitidas pela comunicação social reconheci todos os artefactos como correspondentes à minha religião”, assegurou ao PÚBLICO o dirigente espiritual de um terreiro (templo) situado em Ílhavo, que, uma vez por ano (a 15 de Agosto), realiza um ritual semelhante na mesma praia.
O dirigente Bàbá Ifáléké, que diz ser, também, representante dos Terreiros de Portugal – uma plataforma que congrega a maioria dos templos de umbanda e candomblé, e outras vertentes desta religião que sintetiza vários elementos das religiões africanas e cristãs, acredita que o grupo oriundo de Viseu e Tondela estaria a fazer uma “homenagem” a Iemanjá – tida, por esta religião, como rainha ou senhora dos mares –, “cujo dia, no Brasil, é celebrado a 2 de Fevereiro”.
“Mas em Portugal, uma vez que nesta altura é Inverno, optamos por celebrar a 15 de Agosto”, explicou.
Não respeitaram princípios de segurança
Este dirigente espiritual disse desconhecer o grupo que acabou por ser atraiçoado pelas condições adversas do mar, mas não tem dúvidas em reconhecer que estas pessoas não cumpriram “os princípios que a religião defende”. Quais? “O primeiro é a questão da segurança, depois, a poluição e, por último, o criar misticismos em volta do nosso culto”, defendeu.
“As autoridades tinham emitido um alerta, que não podia ser desrespeitado”, explicou, acrescentando que “normalmente, os pedidos a Iemanjá são entregues em papel, escritos a lápis, e rosas”. “Nunca deixamos garrafas nem copos na praia”, garantiu.
Esta sexta-feira as autoridades mantiveram as buscas em terra e no mar, tendo as operações sido suspensas às 18h30. Serão retomadas este sábado cerca das 7h. Segundo o comandante da Capitania do Porto de Aveiro, Carlos Isabel, duas das vítimas que foram transportadas para o hospital tiveram alta. O terceiro ferido foi transferido para o Hospital de Viseu, área da sua residência. Uma mulher de 34 anos continua desaparecida.
Sabe-se que se trata de Belinda Carvalho que é, juntamente com o marido, proprietária de uma loja de roupa, sapatos e malas de senhora no centro de Viseu, onde também residia. O casal tem duas filhas, entre os 3 e 15 anos. O estabelecimento esteve todo o dia de porta fechada, facto que causou estranheza a alguns clientes que ali se dirigiram. Na cidade, Belinda Carvalho é conhecida por ser uma pessoa activa no meio da moda, sendo responsável pela realização de alguns desfiles, onde dá a conhecer as colecções da sua loja.
Fonte: Público
Foto: DN
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