sábado, 29 de abril de 2017

1.º DE MAIO Um em cada cinco trabalhadores não tem emprego permanente

Trabalhadores no país são cada vez mais precários, baratos e trabalham mais horas do que a média da União Europeia. 

Foto: Reinaldo Rodrigues / Global Imagens
Um em cada cinco trabalhadores a residir em Portugal não tem um emprego permanente. Dito de outra forma, havia 844 mil precários em 2016, que representavam 22,3% da população empregada. Para além da instabilidade no posto de trabalho, que tem crescido (22% em 2015 e 9,5% em 1994), os nossos trabalhadores são baratos. Em 2014, o ganho médio anual (bruto) dos trabalhadores por conta de outrem era de 17 297€, o que corresponde a 51,2% da média europeia (33 774€). Mas não é por esse motivo que trabalhamos menos: a duração média semanal do trabalho era de 42,4 horas em Portugal, sendo a quarta maior carga horária da União Europeia (UE). 


O Instituto Nacional de Estatística (INE) publicou ontem um perfil do trabalhador em Portugal, no contexto do 1.o de Maio. A publicação traça um retrato que abarca diversos aspetos do empregado em Portugal, que aliás está longe de se cingir aos portugueses. Em 2014, a taxa de emprego da população dos 25 aos 64 anos imigrante e descendente de imigrantes (pessoas nascidas fora de Portugal ou que, tendo nascido em Portugal, têm pai e/ou mãe nascidos fora do país) era de 72,7%, enquanto a taxa de emprego da população nascida em Portugal e com ambos os pais nascidos no país era de 70,4%. 

A taxa de emprego dos descendentes de imigrantes era superior à dos imigrantes (74,0% e 72,4%, respetivamente). Como consequência, a taxa de desemprego dos descendentes de imigrantes (13,2%) era inferior à dos imigrantes (15,8%). 

O nível de precariedade registado em Portugal está longe de ser uma constante dentro da União Europeia. Recorrendo a dados do Eurostat, que dão conta dos 22,3% de empregos não permanentes em Portugal no ano passado, apenas é possível encontrar proporções mais elevadas na Polónia (27,5%) e em Espanha (26,1%). A média da zona euro é de apenas 15,6% e da União Europeia de 14,2%. 

Outra forma de verificar se o trabalhador a residir em Portugal é ou não barato consiste em olhar para o custo da mão-de-obra: em 2016, para os empregadores em Portugal, o custo médio de uma hora cumprida pelos trabalhadores por conta de outrem a tempo completo era de 13,7€, o que corresponde a 53,9% da média da União Europeia (25,4€). Os três países com custos médios por hora trabalhada mais elevados eram a Dinamarca (41,3€), a Bélgica (39,1€) e a Suécia (37,4€). Os três países com custos médios mais baixos eram a Lituânia (6,8€), a Roménia (5,0€) e a Bulgária (4,1€). 

Do ponto de vista salarial, há ainda um fosso de género. Em 2014, o diferencial das mulheres face aos homens era de 14,4% para os trabalhadores por conta de outrem a tempo completo. Globalmente, os salários são baixos no contexto da UE, mas evoluíram no último ano. Segundo o Relatório Anual sobre a evolução da negociação coletiva em 2016, que será apresentado no dia 2 de maio, os rendimentos dos portugueses registaram no ano passado, pela primeira vez desde 2013 (o ano em que a economia e o desemprego mais afundaram), uma variação positiva. Em média, em 2016, aquela variação salarial para o total das 146 convenções coletivas de trabalho foi de 1,5%, abrangendo 749 348 trabalhadores. 

Fonte: Dinheiro Vivo

Nenhum comentário:

Postar um comentário