Por Mateus Azevedo*
Considerada a 4ª Revolução Industrial, a Inteligência Artificial (AI em inglês) traz uma disruptura social e tecnológica ao mesmo tempo que possibilita diversas oportunidades.
De acordo com relatório do Information Services Group (IS), a RPA Robótica de Processos (RPA) tem permitido que empresas executem processos de negócios de 5 a 10 vezes mais rápido e 37% menos recursos, em média. Este impacto positivo impulsiona o setor e a estimativa é que até 2050, 80% das atividades realizadas por humanos serão automatizadas. De acordo com a McKinsey, com a tecnologia disponível atualmente, 45% das tarefas já podem ser realizadas por robôs. Os dados remetem a uma das questões mais discutidas em torno do assunto: a AI vai eliminar vagas de emprego?
Como toda revolução, muitas mudanças devem ocorrer, mas não significa que este cenário caótico que está sendo pintando. Afinal, o debate sobre a substituição do homem pela máquina e de tecnologias que se sucedem e impactam grandes mercados vem acontecendo desde a 1ª Revolução Industrial. Quem se lembra da máquina de datilografar que foi substituída pelo computador? Ou os automóveis que acabaram com as carruagens, mas criaram outros mercados e outras profissões? E a internet em relação a locadoras de vídeo? Do smartphone que executa uma série de tarefas que antes necessitavam de interação pessoal? Esses e outros itens facilitaram muito o dia a dia, mas também formaram movimentos de ruptura.
A relação com a AI não é diferente, embora ela promova modificações mais complexas devido a sua alta capacidade tecnológica, principalmente quando integrada com outras tendências disruptivas como impressão 3D, realidade virtual, internet das coisas, entre outras.
Em 1990, quando surgiu a Inteligência Artificial, o principal objetivo era criar sistemas que respondessem a diversos tipos de perguntas. Hoje, os robôs são capazes de compreender a linguagem humana e correlacionar informações, o que pode otimizar uma série de processos, tornando mais ágeis e sem erros, e é daí que surge a discussão sobre AI x humanos. Mas, se por um lado tarefas que são tidas como operacionais podem, de fato, sumirem do mapa, a AI abre um leque de possibilidades profissionais, pois toda ruptura gera novas necessidades. Além disso, a amplitude de aplicação em diferentes tipos de negócios e setores, tais como: call center, jurídico, RH, educação, financeiro, medicina, hotelaria, militar e etc permitirá elevar a capacidade de análise destas áreas – fator que requer a interação humana – e otimizar o trabalho das equipes, o que pode até resultar em melhor qualidade de vida para os funcionários.
Um estudo realizado pela Tata Consultancy Services em quatro regiões do mundo, incluindo o Brasil, apurou que os entrevistados estimam redução líquida de 4% a 7 % em cada função até 2020. Entretanto, empresas com maiores receitas e eficiência de custos gerados pela AI enxergam que a demanda de novos postos de trabalho deve triplicar devido a esta tecnologia. 7% das empresas destinaram, no mínimo, US$ 250 milhões para a AI em 2016 e 2% pretende investir mais de US$ 1 bilhões. O relatório também aponta que 84% das empresas consideram a AI essencial para a competitividade. 67% dos departamentos de TI já utilizam a AI para detectar invasões, problemas de usuários e automação. 32% acreditam que até 2020 os setores mais impactados serão vendas, marketing e atendimento ao cliente e 20% creem que finanças, RH, planejamento e desenvolvimento empresarial serão os setores mais impactados.
O antropólogo Benjamim Shestakofsky realizou uma pesquisa durante 19 meses em uma empresa de tecnologias digitais na Califórnia com o objetivo de provar que as máquinas estavam substituindo trabalhadores humanos. Porém, ao analisar os dados, Shestakofsky percebeu que a empresa cresceu rapidamente e que contratava mais pessoas e não robôs para monitorar, interpretar e gerenciar os dados. No final, ele descobriu que a automação de software realmente pode substituir o trabalho humano, mas cria novas necessidades na relação homem-máquina e, consequentemente, novos postos e funções de trabalho. Funções como analista estatístico, gestor de qualidade, de conteúdo, de sistemas de dados, gerenciamento de máquinas de Gestão RPA, engenharia de processos, estratégia da informação, entre tantas outras, passarão a ser cada vez mais necessárias, uma ver que o ser humano deverá complementar e interagir com este novo tipo de “maquinaria” e avaliar ou executar funções que esta não faz. Cargos voltados para estratégia, conhecimentos multifuncionais, relacionamento de negócios, desenvolvimento e suporte certamente serão bastante procurados.
O processo de mudança existe e é inevitável. E, como todas as tendências tecnológicas que surgiram desde a 1ª Revolução Industrial, é tolice lutar contra. Ao invés disso, os profissionais, independentemente de sua área de atuação devem se perguntar: o que estou fazendo para evoluir e me adequar ao novo mundo que se configura? Quais novas competências devo desenvolver? Quais ganhos posso obter com esta nova abertura de mercado? Como aliar estas tendências ao que gosto de fazer? – Questões que todo profissional deveria fazer em qualquer época, pois estagnação não deve ser confundida com estabilidade. Para os que ainda não ingressaram no mercado de trabalho ou ainda não alcançaram a solidez profissional almejada, há um imenso campo a ser explorado proveniente da AI e outras tecnologias disruptivas. Cabe a cada um explorar as suas capacidades e se lançar neste novo universo, repleto de possibilidades.
*Mateus Baumer Azevedo é sócio da BlueLab e responsável pela Diretoria de Marketing e Vendas.
Fonte:corporate.canaltech.com.br/
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